
Os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta segunda-feira (8) indicam que o Rio Grande do Sul teve queda na criminalidade nos primeiros três meses de 2019.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, latrocínios e homicídios tiveram diminuição de 23%. Os números referentes a roubos com morte apontam o menor índice desde 2002, com 16 casos registrados. As vítimas de homicídio, por sua vez, foram 506 este ano — 25,3% a menos do que em 2018.
Para Charles Kieling, especialista em segurança pública e cientista social da Feevale, a redução nos índices se deve principalmente à pacificação entre as facções no Estado, que estabeleceram novas coalizões depois que tiveram seus líderes transferidos para prisões federais.
— Temos novas lideranças. Na medida em que o Estado levou os líderes para outros presídios, as facções começaram a se reorganizar. Quando estavam em conflito, havia alto índice de mortes. Em meados do ano passado, os grupos começaram a definir quais regiões do Estado e das cidades passariam a dominar, reorganizando a divisão dos espaços. Há um acordo entre eles de não matar, o que impacta os índices. Não sei quanto tempo isso vai durar, dependerá do desenvolvimento econômico — explica.
Essa reorganização territorial, de acordo com Kieling, é responsável pelo aumento da criminalidade no interior do Rio Grande do Sul. Para o especialista, o foco dos criminosos voltou-se a cidades menores, havendo aumento na "interiorização do crime" nos últimos cinco anos.
Segundo Marlene Inês Spaniol, doutora em Ciências Sociais e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a queda nos números resulta de uma série de fatores. Dentre eles, a atuação preventiva das polícias militares e a mudança de cenário pós transferência de lideres de facções.
— Atuar na prevenção é a função constitucional das polícias militares. Por meio de um conjunto de ações, elas podem ajudar na diminuição da criminalidade. Já a transferência dos líderes de facções pode ser considerada um elemento de "redução imediata" nas estatísticas. A partir disso, as lideranças têm uma nova leitura do cenário. Pode haver uma falsa impressão de que se está empregando políticas públicas adequadas — pondera.
Confira a queda dos índices de criminalidade

