Depois do massacre em Suzano (SP), ocorrido há 15 dias, a Polícia Civil recebeu pelo menos 20 denúncias de ameaças em escolas do Rio Grande do Sul. Uma delas chegou às autoridades na quarta-feira (27), quando circularam mensagens em redes sociais falando sobre uma suposta ameaça em uma escola da Rede Marista em Porto Alegre.
Os comunicados à Polícia Civil são feitos por meio de ligações anônimas ou por outros órgãos de inteligência. O delegado André Anicet, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, afirma que a investigação já descartou parte das denúncias e que foram feitas prisões e apreensões. Pelo menos quatro pessoas foram detidas, segundo o delegado:
— São pessoas que manifestaram conduta fomentando este tipo de crime. Nos casos em que foi encontrado algum material ilícito, essas pessoas foram presas ou apreendidas. Todos aqueles que colaboram para a prática do crime respondem como se criminosos fossem, cada um com sua culpa.
Desde a noite passada, circulam em redes sociais mensagens sobre um suposto ataque a uma escola da Rede Marista em Porto Alegre. Por este motivo, colégios da Capital iniciaram o dia com segurança reforçada pela Brigada Militar e pela Polícia Civil —mesmo que a instituição tenha mantido o funcionamento normal de todas as suas unidades, alguns pais e responsáveis tomaram medidas adicionais de segurança, e houve grande número de ausências entre os estudantes.
A investigação já identificou que é falsa a imagem de uma arma que acompanha as mensagens. A foto, que foi utilizada em uma reportagem de um veículo de Sergipe em 2012, já foi usada em outras ameaças no interior do Rio Grande do Sul.
Segundo o delegado André Anicet, o texto das ameaças também segue um padrão: mensagens semelhantes, em que os autores trocavam apenas o nome da escola e da cidade, já haviam sido compartilhadas em outros casos no Interior. A polícia busca identificar quem iniciou a distribuição das mensagens.
— A origem disso tudo é uma boa pergunta, e é isso que estamos tentando descobrir: o porquê e o objetivo dessas pessoas. Isso acaba gerando temor na população e atrapalhando o dia a dia de todo mundo. Não descartamos nada, mas em princípio seria uma ameaça falsa — relata o policial.
Mobilização policial no Interior
Em outras duas regiões do Estado, também há mobilização policial nesta quinta-feira. Em Nova Prata, na Serra, as 14 escolas da cidade estão em alerta, e alguns pais não enviaram os alunos nesta manhã. Na quarta-feira, foi feita uma ameaça pelas redes sociais aos colégios do município. Por este motivo, a Brigada Militar remanejou efetivo e reforçou o policiamento em oito locais.
Comunicados oficiais foram emitidos com a garantia de que as aulas ocorrem normalmente, porém com reforço da segurança. Segundo o sargento Eloi Canalli, comandante local da Brigada Militar, cada colégio tem dois PMs de prontidão. Segundo ele, a situação é tranquila, e a medida ficará em vigor por tempo indeterminado.
A Polícia Civil investiga o caso e tenta identificar um suspeito. A investigação já apurou que a foto divulgada nas redes sociais é a mesma que foi enviada para escolas da Capital, porém, editada. Segundo a polícia, o caso não passa de um trote.
Em Santiago, na Região Central, a Polícia Civil investiga dois casos envolvendo ameaças a estudantes e a estabelecimentos de ensino. A Brigada Militar reforçou o policiamento em dois locais, inclusive uma faculdade. Em um dos casos, foram cumpridos mandados de busca na casa de um homem que fez ameaças pelas redes sociais contra seis pessoas, algumas estudantes. Em outro, um estudante teria ameaçado, mencionando uso de arma, uma professora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI).
Chefe de polícia pede tranquilidade
A chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Nadine Anflor, pede que as pessoas não entrem em pânico e mantenham suas rotinas normalmente:
— Somos todos mães e pais e nos preocupamos com a segurança. É importante que a gente peça para a população que tenha uma vida normal. Evidentemente, há uma preocupação maior, mas essa notícia que circulou em Porto Alegre se demonstra, em princípio, ser falsa. Os pais podem levar os filhos às aulas.
Desde o massacre em Suzano, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul tem trabalhado com um grupo especializado, vinculado à Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos. O grupo de investigadores centraliza todos os casos que são compartilhados em redes sociais, tanto do interior do Estado quanto de Porto Alegre. Nadine pede que as pessoas façam o registro de qualquer tipo de ocorrência — em qualquer delegacia ou pelo telefone 0800 510 2828.