A morte de um cadeirante às margens da freeway em Porto Alegre arrebatou familiares de surpresa. O comerciante Adão Antunes de Brito, 39 anos, foi encontrado morto, com um disparo na cabeça. Junto dele estava um homem, de 37 anos, atingido por dois disparos. A polícia investiga a hipótese de tentativa de homicídio seguida de suicídio e aguarda o depoimento do sobrevivente, hospitalizado em estado grave. O caso completa duas semanas nesta terça-feira (19).
— Estamos sem saber até agora o que aconteceu. Ninguém acredita que ele tenha se matado. Era uma pessoa que amava viver. Ele se superava todos os dias. Acordava com gana de viver e enfrentava os obstáculos das suas limitações, com muito esforço. Ele dizia que agora estava feliz — conta uma familiar, que prefere não ser identificada.
Brito era proprietário de um bar, em Gravataí, de onde teria saído na madrugada de 5 de fevereiro, acompanhado do homem que foi encontrado baleado. Familiares do cadeirante afirmam que desconheciam este homem.
— Não sabemos quem é esta pessoa. Só queremos entender o que aconteceu. Não imaginam o quanto está difícil essa situação. Ele era conhecedor da palavra de Deus. Jamais tiraria a própria vida — relata a familiar.
Além da cena do crime, a versão de que Brito atirou no carona e depois se matou teria sido relatada pelo sobrevivente a dois agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os policiais foram os primeiros a chegar ao local. Inicialmente, o caso foi atendido como uma saída de pista, já que o veículo estava em barranco às margens do km 92 da rodovia.
O crime é investigado pela equipe da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo o delegado Eibert Moreira, da Divisão de Homicídios da Capital, a investigação ainda aguarda o homem baleado apresentar melhora no estado de saúde para prestar depoimento. Ele permanece hospitalizado, sem condições de ser ouvido. Questionado sobre a elucidação do vínculo entre os dois, o policial afirmou que a divulgação de outros detalhes nesse momento pode atrapalhar a investigação.
Brito foi atingido por um disparo na cabeça e o outro homem foi baleado em um dos braços e no peito. Os familiares reconhecem que o revólver calibre 38, apreendido na mão do comerciante, seria dele. A arma seria usada para defesa, pelo risco de assaltos no bar.
— Ele estava bem. Era um homem que amava a vida. Estava num momento feliz — diz a familiar.
O Astra do cadeirante era adaptado para que ele pudesse conduzi-lo. Foi solicitada perícia no veículo para identificar possíveis digitais de outras pessoas. Dentro do Astra não havia sinais de disparos e os dois estavam do lado de fora.
Brito vivia em Gravataí, com a família. Ele foi sepultado no Cemitério Municipal de São Leopoldo. Já o homem baleado é natural de Rio Grande, na Região Sul.
O cadeirante tinha antecedentes por ameaça (em 2014), disparo de arma de fogo (em 2007) e tráfico de drogas (em 2001). O homem baleado tem antecedente por lesão corporal.