A família de Rodrigo Braga Leite, 29 anos, acredita que a cobrança de uma dívida tenha motivado o assassinato dele. Morador de Campo Bom, no Vale do Sinos, ele teria emprestado R$ 10 mil a outro homem e aguardava pelo pagamento na segunda-feira (25). No entanto, sumiu da residência e foi encontrado morto um dia depois, no limite entre Parobé e Araricá, no Vale do Paranhana, a cerca de 20 quilômetros de onde residia.
— Ele adorava estar com a família, com a irmãzinha mais nova ou comigo, no sítio. Era um guri bom, alegre. Estava construindo a vida dele. É muito difícil, muito doloroso — disse o pai Moacir Leite.
No fim de semana, o rapaz esteve com a família na praia de Mariluz, no Litoral Norte. Lá, teria conversado por telefone com um pedreiro para quem teria emprestado R$ 10 mil. O valor teria sido usado para a compra de um veículo. Ele pretendia reaver o empréstimo.
— O Rodrigo disse que podia ir buscar, mas esse pedreiro falou que entregaria na casa dele — explicou o tio da vítima, Loceval de Lima, 52 anos.
Na manhã de segunda-feira, após deixar a mulher no serviço, por volta das 7h, o rapaz teria retornado para casa para aguardar o pagamento. A companheira esperava que ele fosse buscá-la no trabalho para almoçarem juntos, por volta das 11h. No entanto, ele não apareceu. A mulher chegou a tentar contato por telefone, mas o aparelho do marido estava desligado.
— Ela não se preocupou porque ele tinha muitas coisas para fazer, pagar contas, IPVA. Então achou que ele podia estar enrolado com isso — relatou o tio.
No início da noite, uma vizinha telefonou e informou que a casa da família havia sido arrombada. Ao chegar na residência, a mulher de Rodrigo viu que os portões eletrônicos e uma porta de vidro tinham sido danificados. Uma televisão, de 42 polegadas, havia desaparecido, assim como a chave da motocicleta dela. Rodrigo também não foi localizado e nem o veículo dele, um Siena grafite.
A mulher então telefonou para o pedreiro, mas o homem teria relatado que Rodrigo esteve na casa dele, por volta das 8h30min, acompanhado de dois homens, e teria ido embora após receber R$ 9,8 mil. A mulher procurou a Polícia Civil e registrou o desaparecimento. Depois disso, familiares continuaram fazendo buscas pelo rapaz.
No dia seguinte, o corpo de Rodrigo foi encontrado parcialmente carbonizado, na localidade de Poço Fundo, no limite entre Araricá e Parobé. O cadáver estava dentro do veículo. O enterro foi realizado no fim da manhã desta quarta-feira (27), no Cemitério Municipal de Campo Bom.
Rodrigo e a mulher, com quem morava no bairro Barrinhas, planejavam ter um filho neste ano. Segundo o pai, ele trabalhou como motorista de aplicativo, mas abandonou a profissão. Recentemente, estaria trabalhando como autônomo, em serviços de terraplanagem, e ajudava a família em um sítio. Ele deixa ainda a mãe, Angelita Braga, que precisou ser amparada na saída do enterro, e três irmãs.
— Era um rapaz trabalhador, honesto. Sempre trabalhou e lutou pra ter as coisas dele. Uma pessoa de bem, querida — lamentou o tio.
Investigação
O corpo do rapaz estava no banco traseiro do Siena, parcialmente carbonizado. Ele teria sido alvejado por, pelo menos, um disparo de arma de fogo. O interior do veículo estava queimado, mas a parte externa não foi danificada. Rodrigo não tinha antecedentes criminais.
Sobre a investigação, o delegado Fernando Pires Branco se limitou a informar que a apuração está avançada. Ele não quis detalhar se a polícia trabalha com algum suspeito, mas garantiu que se trata de um homicídio.
— Disso não tenho dúvidas. Só posso te dizer isso nesse momento. Está bem adiantado. Mais do que isso podemos atrapalhar a investigação — afirmou.