Após um ônibus ser incendiado na noite de segunda-feira (28) e afetar a rotina dos moradores da Vila dos Sargentos, na zona sul de Porto Alegre, o comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar reconheceu dificuldades em proteger a comunidade. Responsável pelo policiamento no bairro Serraria, o tenente-coronel Mário Augusto Ferreira, admitiu que faltam viaturas na região.
— Outros bairros e comunidades também não têm policiamento. Tudo que eu queria era uma viatura em cada vila. É uma questão estrutural. Não tem efetivo para ficar em todo trajeto que o cidadão percorre — ressaltou.
A reportagem esteve na Vila dos Sargentos entre as 6h30min e às 8h e entre às 8h30min e às 10h desta terça-feira (29) e não avistou nenhuma viatura da Brigada Militar, que havia prometido, na segunda-feira, patrulhamento especial no local. Um veículo chegou a passar próximo ao local do ataque, mas não parou na região.
Com o incêndio do coletivo, a empresa Trevo alterou o percurso da linha 283 Ipanema-Cavalhada, desviando do trecho onde houve o incêndio criminoso. Assim, moradores tiveram que se deslocar a pé, sob sol escaldante e elevadas temperaturas, até o ponto de ônibus mais próximo. Fizeram o trajeto sem segurança policial.
— É o mal do pobre — diz a moradora Vilma Terezinha de Souza de 64 anos.
Doméstica, ela conta que viu de casa a fumaça do incêndio, mas que foi surpreendida pela interdição da parada em que ela sempre pega o ônibus.
Vizinhos que tinham carro oferecem caronas a quem precisava ir até o ponto, e até mesmo motos foram usadas para ajudar os trabalhadores no deslocamento.
Dentro das residências, muitos moradores se escondiam, com medo da violência.
— Têm vezes que está calmo, mas depois começa tudo de novo - conta Sadi Fagundes, 48 anos, 30 deles vivendo na vila.
Reforço no policiamento
Para melhorar a segurança na região, o comandante do 1º Batalhão afirma que pedirá reforço de efetivo ao Comando de Policiamento da Capital (CPC), além de realizar barreiras no entorno da vila.
— Podemos fazer barreiras com a Força Nacional. O que temos hoje é estilo ronda, nos horários onde nossos estudos e dados de inteligência demonstram terem mais ocorrências. São incursões, o efetivo sai e volta — explicou.
Uma reunião do 1º BPM com a Polícia Civil deve ser realizada ainda nesta terça, para tentar identificar os autores do ataque. Também devem ser traçadas estratégias para diminuir a insegurança no bairro.
Contatada, a Trevo afirma que não há previsão de normalização no atendimento, devido à falta de segurança.