A Polícia Civil desarticulou nesta segunda-feira (17) um esquema de venda de drogas disfarçado de telentrega de água. Um motociclista, identificado como Victor Sanchez Almira Pancaro Dutra, 21 anos, foi preso em flagrante em Canoas, na Região Metropolitana, ao tentar negociar cocaína com um policial do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico que fingia ser usuário do entorpecente. Um gerente do grupo também foi detido.
O grupo acertava a venda e o ponto de entrega pelo WhatsApp. No mesmo aplicativo, anunciava a chegada de uma nova remessa da droga pelo status: “Já estamos na ativa, água nova. Bem gelada. Só chamar.”
As investigações começaram após denúncia anônima e duraram sete meses. Para comprovar o esquema, um investigador se passou por cliente e simulou a compra em duas ocasiões: em 5 de outubro e 19 de novembro. Nos dois momentos, o entregador chegou de motocicleta e vendeu pino de 0,3 gramas. Cada porção custava R$ 20.
Conforme o diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, Mario Souza, este é o terceiro esquema de telentrega desarticulada neste ano. O investigador classifica este tipo de atuação como um ponto móvel de drogas. Assim, leva os mesmos riscos que existem em pontos de tráfico que funcionam em locais fixos para áreas de grande movimentação.
— O risco é que quando a pessoa chama essa telentrega leva o perigo do crime, o confronto entre traficantes para perto do seu convívio — observa o delegado.
Segundo a Polícia Civil, o grupo funcionava em moldes empresariais: tinha divisão de tarefas e distribuição de funções. Vários motoristas, cada um com sua motocicleta, faziam as entregas.
Além da prisão do entregador, a polícia capturou um gerente do grupo — o nome dele não foi divulgado. Conforme Souza, a quadrilha atuava em Porto Alegre e Região Metropolitana. A base era em Canoas.
A operação foi batizada de Insalubre tendo em vista que ao invés de água pura eram muitas drogas negociadas.