Após deflagar, na manhã desta terça-feira (18), uma operação contra tráfico de drogas e armas, além de roubo de veículos, a Polícia Civil divulgou que a quadrilha investigada pagava para atravessar áreas rurais da fronteira do Estado com o Uruguai. O objetivo era evitar barreiras nas estradas e demais ações policiais. Em média, o grupo pagava R$ 5 mil por viagem para levar drogas para o país vizinho e trazer armas.
O diretor de Investigações do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Mario Souza, diz que esta prática criminosa será apurada, principalmente com a identificação dos proprietários rurais que recebiam dinheiro de traficantes que faziam de fazendas e sítios verdadeiros corredores do tráfico internacional.
— A gente também vai avaliar se não havia ameaças, mas após meses de investigação, descobrimos que fazendeiros gaúchos e uruguaios passaram a ter áreas usadas para o transporte ilegal de armas e drogas — ressalta Souza.
Sobre a investigação deste fato, um áudio divulgado pela polícia comprova o valor e o uso das áreas rurais como corredores do tráfico.
Crime organizado
Pela manhã, a Polícia Civil deflagrou uma operação contra quadrilha integrada por gaúchos e paranaenses que trocava carros por drogas em Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai, e distribuía os entorpecentes no Rio Grande do Sul e ainda no Uruguai.
Ou seja, o grupo roubava carros na Região Metropolitana de Porto Alegre e no Vale do Sinos e encaminhava para o Paraguai, onde buscava drogas para abastecer pontos de venda no Estado e ainda no Uruguai, de onde trocava os entorpecentes por armas.
Outros áudios revelam como funcionava o que a polícia chama de consórcio do crime. Segundo Souza, por mês, o grupo movimentava R$ 1 milhão.
Criminosos conversam entre si sobre o envio de carros para o Paraguai e em uma espécie de "brique" com oferta de carros roubados:
Em outra gravação divulgada pelo Denarc, os criminosos falam do risco em entregar um carro roubado no Vale do Sinos para ser levado ao Paraguai:
Áudio também mostra a preocupação em ter droga de qualidade, e traficantes gaúchos mostram desprezo com maconha enviada do Paraguai junto com hortelã:
Operação policial
Cerca de 180 policiais cumpriram 30 mandados de busca em 12 cidades gaúchas e três suspeitos foram presos nesta terça-feira. Além disso, 150 quilos de drogas foram apreendidos durante a investigação de seis meses. Essa ação é sequência de outra deflagrada há 15 dias, quando a polícia revelou que traficantes gaúchos estavam abastecendo o Uruguai devido a grande demanda e à falta de maconha no país vizinho após a legalização da droga.