O policial militar acusado de matar uma jovem promessa do boxe será julgado pelo Tribunal do Júri no dia 2 de abril, em Osório, no Litoral Norte, oito anos depois do crime que comoveu a cidade. Com apenas 17 anos, o campeão brasileiro e sul-americano de boxe Tairone Silva foi assassinado no dia 11 de março de 2011.
Alexandre Camargo Abe, que confessou o crime, será julgado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Na época, a investigação apurou que Abe tinha uma rixa com jovens que frequentavam uma casa abandonada, perto da sua. O policial afirma que era provocado pelo boxeador, depois que advertiu o grupo de amigos. Pessoas próximas, entretanto, afirmam que a rixa tinha também motivos pessoais.
A investigação apurou que o policial havia planejado a morte antes do crime. Em depoimento, uma testemunha contou que Tairone havia relatado ameaças por parte do PM.
— Falou que ele (Tairone) não ia mais ser campeão de nada e que ia matar ele. Isso foi só o que ele me falou — disse a testemunha.
Abe foi expulso da Brigada Militar na ocasião. Ele concluiu a faculdade de Direito, passou no exame da OAB e hoje atua como advogado trabalhista em Porto Alegre.
Por meio de nota, os advogados de Abe, Ezequiel Vetoretti, Rodrigo Grecellé Vares e Melani Feldmann afirmam que só devem se manifestar nos autos do processo, em respeito ao juízo.
"Na condição de advogados constituídos para atuar em defesa de Alexandre Camargo Abe, informamos que, por tratar-se de processo em andamento, temos por princípio fazer todas as nossas manifestações apenas nos autos do processo, reservando a ética e o respeito ao Juízo. Reiteramos o nosso respeito pela nobre atividade desempenhada pela imprensa".