Ao menos sete armas diferentes foram usadas pela quadrilha que assassinou três homens no bairro Jardim Itu-Sabará, na zona norte de Porto Alegre, por volta das 4h desta segunda-feira (3). Conforme a Polícia Civil, as vítimas não portavam armas e, até o momento, todos os indícios apontam que não houve um confronto e, sim, um ataque a tiros.
No local, foram recolhidas cápsulas de fuzil 5.56, escopeta calibre 12, quatro tipos de pistolas e de revólver calibre 38. Moradores relataram a GaúchaZH que foram ao menos 10 minutos de tiros em sequência, sendo parte deles em forma de rajada. Carros que estavam na rua foram atingidos, assim como uma igreja.
Um dos disparos chegou a atingir um idoso, de 66 anos, que estava no banheiro de sua casa na Rua Carlos Salzano Vieira da Cunha. O tiro teria perfurado a parede e atingido o braço do homem. Ele foi levado para um hospital, onde é atendido até o momento.
A Polícia Civil afirma que fez contato com a instituição e foi informada de que o quadro de saúde dele não é grave. O hospital não passa informações sobre feridos por motivos de segurança.
Somente uma das três vítimas foi identificada até agora. É o técnico de som Marcus Vinícius Silva da Silva, 34 anos, que não tinha nenhum antecedente criminal. Segundo um familiar que trabalhava com ele, Silva passou o domingo trabalhando, colocando o som em um evento, e pegou o carro para levar os cabos para casa. No entanto, a rua não fazia parte de seu trajeto tradicional.
A Rua Carlos Salzano Vieira da Cunha é um conhecido ponto de "drive-thru" de drogas. Em junho de 2017, o homem considerado o chefe da quadrilha que atuava na região foi preso em uma operação da Polícia Civil. À época, o delegado Cléber Lima disse que "queria impedir a criação de uma nova cracolândia" em Porto Alegre.
A polícia tem, informalmente, o nome de uma segunda vítima, mas aguarda o reconhecimento de um familiar. Ele também estava no Renault Logan de Silva quando foi executado. Sobre a terceira vítima, encontrada ao lado do carro, a polícia ainda não tem nenhuma informação.
Hipóteses da polícia
A delegada Luciana Smith, da 5ª Delegacia de Homicídios, trabalha com a hipótese de que o caso seja uma represália ao assassinato de um homem no Jardim Leopoldina, também na Zona Norte, na tarde de domingo (2). A vítima foi morta enquanto dirigia seu carro que, desgovernado, ainda bateu em um ônibus.
A investigação suspeita que comparsas da vítima teriam ido até a área de um rival para revidar o crime. Traficantes da região estariam envolvidos com o caso.
— Acredito que não houve um confronto, mas sim um ataque naquela localidade, que é área conflagrada, com ponto de tráfico de drogas. Ao menos duas das vítimas poderiam ter ido apenas comprar drogas ali — comenta Luciana.
A polícia ouve testemunhas, familiares e procura câmeras de segurança como investigação do caso. Donos de veículos da região estão sendo intimados. A delegacia também pediu uma perícia residuográfica nas vítimas, para confirmar a hipótese de que não tenha ocorrido confronto – com o laudo, é possível saber se há indícios pólvora nas mãos das vítimas.