A organização criminosa de Viamão desarticulada nesta terça-feira (4) pela Polícia Civil investia em melhorias em bairros do município para atrair usuários de drogas e possuía uma estrutura empresarial.
Para incentivar as vendas e aumentar ainda mais o lucro, os líderes deste grupo, ligado a uma facção criminosa que tem base no Vale do Sinos, passaram a pagar os vendedores por comissões.
A investigação da 2ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) durou seis meses. Um dos áudios mostra que o objetivo dos chefes do esquema era deixar de pagar por hora, já que os traficantes, em 50 pontos de venda, estavam desmotivados e demorando demais para vender maconha e cocaína.
Investimentos
Uma mensagem de texto obtida pela polícia mostra que os responsáveis pelo tráfico de drogas no local pretendiam aumentar o movimento nos bairros investindo no comércio.
Liderados pelos irmãos Benedik, Robson Juliano e Carlos Antônio, os traficantes também investiram em iluminação, calçamento, quadras de futebol, praças, reciclagem de lixo e lancheria. Com essas medidas, eles pretendiam aumentar o movimento em pontos de venda de drogas de oito bairros de Viamão, principalmente para camuflar a ação do tráfico.
Os traficantes contavam com apoio dos moradores e beneficiavam os vendedores de drogas, que também residiam nas localidades. Um áudio revela que o objetivo era investir inicialmente para depois lucrar. Após as melhorias, um dos pontos passou a vender mais entorpecentes.
Robson foi preso em junho deste ano pela polícia gaúcha em Balneário Camboriú, Santa Catarina, e o irmão dele, Carlos Antônio, foragido desde 2016. Um dos mandados de prisão foi contra ele.
Gerenciamento do crime
Segundo o diretor de Investigação do Denarc, delegado Mario Souza, o grupo tinha uma verdadeira organização empresarial. Os irmãos gerenciavam os pontos de venda de tráfico de drogas com recolhimento do dinheiro e controle da forma de trabalho e da escala de turno de atuação dos traficantes “vendedores”, além do pagamento deles e da distribuição dos montantes de entorpecentes.
Os irmãos também monitoravam a segurança da operação dos traficantes e acompanhavam os possíveis riscos com as quadrilhas rivais e com a aproximação de policiais.
Organograma
As investigações apontam que foi criada uma estrutura dividida em funções.
- Líderes
- Gerentes Gerais
- Gerente de Venda
- Vendedores
- Soldados
- Colaboradores
— Funcionava de uma forma piramidal, com o planejamento de potencializar cada vez mais os lucros partindo de uma ressocialização nas comunidades para atrair usuários em potencial — diz Souza.
O Denarc afirmou que um dos pontos de tráfico vendia por noite em torno de R$ 5 mil em drogas.