O Tribunal do Júri de Porto Alegre segue a sessão de julgamento de Ricardo Jardim, 59 anos, acusado de matar, em 2015, a própria mãe, Vilma Jardim, então com 76 anos, e concretar o corpo dela em um armário. A audiência teve início às 10h. A expectativa é de que o veredito seja conhecido ainda na noite desta segunda.
O crime ocorreu entre abril e maio daquele ano e foi descoberto após outros familiares notarem o sumiço da idosa. Pouco antes de ser assassinada, o marido dela havia morrido e deixado duas apólices de seguro, que somavam aproximadamente R$ 400 mil e que teriam sido pegas pelo publicitário.
O julgamento
Irmãos da vítima
Após o sorteio dos jurados, às 10h, a sessão foi iniciada com o depoimento de Antônio Raupp, irmão da idosa assassinada. Raupp relatou que não acreditava que o réu tivesse cometido o crime.
— Apostava na honestidade dele, no caráter dele. Foi triste! Meu sobrinho, um amigo...me senti traído, porque ele mentiu até o fim — afirmou.
Jorge Raupp, outro irmão da vítima, também prestou depoimento no plenário. Jorge informou que o sobrinho estava morando no escritório dele no período em que houve a morte da idosa. Jorge falou sobre conflitos de Jardim com os pais.
— Ele teve vários atritos com os pais, era indisciplinado — declarou.
Enquanto Jorge narrava ao júri como desconfiou do sumiço da irmã, o réu acusou o tio de estar mentindo em depoimento. Após a interrupção, a juíza Karen Luise Vilanova Batista de Souza Pinheiro ordenou que Jardim voltasse à cela do Foro. A defesa do acusado pleiteou acareação entre tio e sobrinho, mas a magistrada negou a solicitação.
Após esse início de confusão, Jorge Raupp afirmou que percebeu uma mudança no comportamento do sobrinho. Ele relatou que quando perguntava da irmã, o acusado dizia que a idosa estava viajando.
— Ele não deixava ninguém entrar no apartamento. Vi que tinha alguma coisa estranha, porque a minha irmã não era de viajar, só com o marido. Tinha medo de procurar a polícia porque ele sempre apresentava uma arma que era do pai.
Jorge afirmou que o boletim de ocorrência só foi registrado após uma das filhas da vítima viajar até Porto Alegre para o Dia das Mães e não encontrar a idosa.
Legista
A médica legista Liliane Borges foi a terceira pessoa ouvida na sessão. A profissional detalhou as 13 perfurações no corpo da idosa — nas áreas do pescoço e da cabeça.
— Pelo estado do corpo, ela havia sido morta há, no mínimo, 15 dias — destacou a especialista.
Irmã do réu relatou tentativas de contato com a mãe
No início da tarde, uma irmã de Jardim foi ouvida. Ela informou que morava distante da mãe e que Jardim tinha o costume de mentir. Após o desaparecimento da idosa, o réu teria fornecido diversos números de telefone que pertenceriam a ela, mas todos caíam na caixa postal.
O que disse o réu
Durante depoimento aos jurados, o acusado mudou de postura e negou a autoria do crime. Em sua nova versão do caso, Jardim disse que a mãe, que parecia "possuída" após uma discussão entre ambos, veio com uma faca da cozinha e desferiu golpes contra o próprio pescoço e contra a própria cabeça.
Antes de morrer, segundo Jardim, a idosa teria feito um carinho em Jardim na tentativa de acalmá-lo.
Manifestação de MP e da defesa
Após o fim da fase de depoimentos, ocorreu a manifestação do Ministério Público. Agora, a defesa do acusado usa o tempo de fala. Em seguida, os jurados seguem para a sala secreta para votação do veredito — que não tem hora para ser divulgado.