Uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã desta quarta-feira (10) em 12 cidades gaúchas e uma catarinense desarticulou duas quadrilhas investigadas por comercializar irregularmente cigarros contrabandeados ou distribuídos com sonegação de tributos.
A suspeita é de que os grupos movimentavam mais de R$ 2,5 milhões por mês com a distribuição de meio milhão de maços de cigarros na zona sul do Rio Grande do Sul.
Batizada de Operação Pancada, a ação contou com cerca de 250 policiais federais para cumprir 16 mandados de prisão e 66 de busca e apreensão.
Até as 12h, todos os alvos haviam sido presos, além de outros dois detidos em flagrante, totalizando 18 prisões, 17 em Rio Grande e uma em Canoas. Todos irão responder pelo crime de contrabando e participação em organização criminosa e algumas diligências estão sendo feitas para investigar a sonegação de tributos nos cigarros nacionais.
A maioria dos mandados, 38, tinha como destino Rio Grande, mas há outros em Pelotas, Cachoeirinha, Alvorada, Porto Alegre, Barão do Triunfo, Gravataí, Canoas, Esteio, Caxias do Sul, Agudo, Cachoeira do Sul e Maracajá (SC). Além das prisões e das buscas, diversos bens tiveram sua indisponibilidade decretada pela Justiça, foram 70 veículos e 14 imóveis pertencentes às organizações criminosas.
— É uma medida que visa afetar o aspecto financeiro das organizações criminosas para evitar que elas continuem se articulando — relatou o delegado da Polícia Federal de Rio Grande, Gabriel Figueiredo Leite.
Outro fato ressaltado pelo delegado é de que ambos os crimes cometidos afetam a questão fiscal e a saúde pública.
— Esses crimes não afetam apenas o país na questão fiscal, mas também prejudicam a saúde pública, pois com todas as campanhas contra o tabagismo que acontecem, essa venda impede que elas tenham sucesso — ressaltou o delegado.
A investigação iniciou em março de 2018, quando a PF descobriu um depósito em Rio Grande com 380 mil maços de cigarros estrangeiros, avaliados em R$ 2 milhões. Na ocasião, quatro pessoas foram presas em flagrante.
A partir disso, os investigadores descobriram que criminosos distribuíam, na zona sul do Estado, cigarros contrabandeados e, também, produzidos clandestinamente no país, de marcas idênticas às paraguaias. O preço do produto falsificado, muitas vezes, era inferior ao do cigarro contrabandeado, segundo a PF.
Segundo dados da Receita Federal, no ano passado foram apreendidos R$ 50 milhões em cigarros contrabandeados no Rio Grande do Sul e neste ano já são R$ 38 milhões apreendidos. O número deve aumentar, já que os cigarros apreendidos hoje ainda estão sendo contabilizados na sede Polícia Federal, em Rio Grande.
Nome da operação
Pancada, conforme a Polícia Federal, é o nome da rua onde foi localizada, em março, a carga irregular de cigarros que deu início à investigação. O depósito fica na Rua Henrique Pancada, em Rio Grande.