As pessoas mortas a tiros na manhã do sábado (1º), na lancheria Gula Burguer, em Canoas, estariam no local por causa de um negócio imobiliário tratado por uma das vítimas.
É a versão contada por familiares, mas não confirmada pela Polícia Civil, que segue investigando o caso.
Diogo Vieira da Fonseca, 24 anos, um dos mortos, teria ido ao local para receber R$ 20 mil como parte da venda do apartamento em que morava no bairro Fátima. Segundo uma irmã dele, que prefere não se identificar, o imóvel estaria sendo comprado pelo dono da lancheria, situada na Avenida Rio Grande do Sul, bairro Mathias Velho.
Além de Diogo, foram baleados e morreram Evaldo Raymundo Junior, 48 anos, e o filho Bruno Agertt Raymundo, 23 anos. A mulher de Diogo também foi atingida e segue hospitalizada. Conforme a viúva de Evaldo e mãe de Bruno, Luciane Costa Agertt, 44 anos, o marido, que trabalhava como motorista do aplicativo Uber, havia ido ao local para fazer um favor para Diogo, amigo da família. Ele não estaria fazendo uma corrida pelo aplicativo naquele momento.
_ Ele foi fazer um favor, estava dando uma carona _ afirmou Luciane.
Dentro do carro de Evaldo, um Logan, estava outro filho dele, cochilando. Ele não foi visto pelos atiradores, que teriam fugido em um veículo ainda não identificado. Na manhã do domingo (2), enquanto velava os familiares em um cemitério em Canoas, Luciane disse não imaginar um motivo para o crime. Contou que o marido e o filho não tinham problemas nem tinham sido ameaçados. Cogitou alguma relação com a transação imobiliária que Diogo faria:
_ Não consigo imaginar o que foi. Quem sabe queriam roubar dinheiro. O Diogo ia receber pagamento pelo apartamento.
Segundo Luciane, o comprador não estaria no local na hora do ataque. Pais de quatro filhos, Luciane e Evaldo moram há 32 anos no bairro Mato Grande, em Canoas. Um dos filhos já era falecido. Bruno, o irmão que estava dentro do carro e uma irmã moravam com os pais. Bruno era programador de internet, segundo a mãe. Evaldo trabalhava havia 11 meses para a empresa Uber. Antes, dirigia caminhão de recolhimento de lixo em Canoas, conforme Luciane.
O crime ocorreu por volta das 11h15min dentro da lancheria Gula Burguer. O delegado Luís Antônio Firmino, da Delegacia de Homicídios de Canoas, esteve no local e falou com testemunhas. Segundo ele, a proprietária da lancheria afirmou que não conhecia as vítimas. Firmino também conversou com a mulher de Diogo, que está no hospital, e ela disse que estavam no local para almoçar. Não falou nada sobre eventual venda de apartamento.
Segundo o delegado, os matadores entraram na lancheria quando as vítimas já estavam sentadas junto a uma das mesas. Eles passaram por elas e foram ao balcão, onde pediram duas cervejas, conforme a dona. Não aceitaram copos, dizendo que beberiam no bico e saíram. Assim que passaram novamente pelo grupo, se viraram e atiraram.
_ Parece que entraram para se certificar da presença das pessoas. Passaram duas vezes por elas _ disse Firmino.
O delegado apreendeu o equipamento de gravação da lancheria. A polícia também vai procurar imagens que possam ter sido captadas em possíveis rotas de fuga. Segundo o delegado, as vítimas não tinham antecedentes.