A metralhadora apreendida na quarta-feira (19), no Rio de Janeiro, é um "canhão" capaz de cortar um carro blindado ao meio. Foi o que ocorreu 2016, quando armamento do mesmo tipo foi usado na guerra do tráfico na fronteira com o Paraguai. Na noite de 15 de junho, Jorge Rafaat, chefão de uma facção binacional do eixo Pedro Juan Caballero-Ponta Porã, foi assassinado a tiros. Ele viajava em um utilitário Hummer, couraçado com placas cerâmicas (um tipo sofisticado de blindagem) quando foi atingido pelos disparos de uma Browning.50 montada sobre a caçamba de uma caminhonete. O Hummer foi partido em dois.
A apreensão da Browning.50 pela Policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) do Rio foi o maior armamento já apreendido no Estado do Rio de Janeiro.
Desenhada em 1919 e em produção regular nos Estados Unidos há 85 anos, a arma é usada em cerca de 120 Forças Armadas do mundo todo. O fabricante, General Dynamics, mantém o projeto "robusto e confiável" em "constante desenvolvimento". Cada uma das Browning.50 na versão M2HB, a mais avançada, não sai por menos de US$ 15 mil — a preço de catálogo. No mercado negro, o valor pode chegar a mais de US$ 20 mil.
A munição é a maior da série .50 (12,7 mm). A metralhadora pesa de 38 kg a 58 kg, de acordo com a configuração, e dispara na cadência de 450 a 650 tiros por minuto, com alcance de destruição em um raio de 1.800 metros. O uso não é simples. Exige treinamento e bom conhecimento dos mecanismos de acionamento, alimentação e refrigeração.
Desde 2013 ao menos quatro unidades foram apreendidas em arsenais de organizações criminosas. O Exército brasileiro investiga a origem das armas. A Polícia Federal acredita que tenham sido desviadas de estoques regulares de Forças Armadas de países vizinhos.