Uma cadeia clandestina foi descoberta pela Polícia Federal (PF) durante a operação Terra Sem Lei, na reserva indígena do Votouro, em Benjamin Constant do Sul, no norte do RS, nesta quinta-feira (2). A "prisão" fica no interior da reserva, próxima de outras casas, em um galpão.
Há duas celas no local, gradeadas com ferro e soldadas. Nas paredes, desenhos mostram armas e animais. No chão, há colchões e cobertores, onde os "apenados" passavam as noites. Não havia ninguém no local no momento da ação da PF.
Segundo a investigação, era nessa cadeia clandestina que os desafetos de um dos grupos de indígenas eram mantidos após serem capturados.
Entre as vítimas apontadas pela PF está o prefeito da cidade, Itacir Hochmann, que teria sido torturado e mantido por mais de 12 horas sob cárcere privado após ir até a reserva para buscar explicações sobre o motivo do assassinato do sobrinho dele, Nathan Hochmann, 21 anos.
Para a polícia, o jovem foi morto por engano enquanto passava próximo ao local. O alvo seria um outro índio.
Até as 12h, quatro pessoas foram presas na operação – três preventivamente e um em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. São cumpridos 14 mandados de prisão e 18 mandados de busca. Cerca de 200 agentes da PF, da Brigada Militar e do Exército participam da ação.
Conforme a PF, os conflitos na aldeia ocorrem por disputa por poder. Diferentes grupos caingangues estariam tentando eleger o cacique. Com isso, ganhariam o direito de arrendar terras para outras pessoas e ter o controle financeiro da área.
A operação investiga os crimes de homicídio, tentativa de homicídio, incêndio criminoso, rixa qualificada, organização criminosa, cárcere privado e tortura.