Não foi a primeira vez que uma briga com tiros provocou pânico em dia de muito movimento no Parque da Redenção, na região central de Porto Alegre. Neste sábado (25) à tarde, um homem foi morto com um tiro, e outro, espancado. Desde 2010, de acordo com levantamento da editoria de Segurança de Zero Hora, Diário Gaúcho e Rádio Gaúcha, foram outros nove assassinatos no parque e proximidades.
No caso mais recente, neste sábado de baixa temperatura, mas ensolarado, com a Redenção recebendo muitos visitantes, uma briga envolvendo duas gangues deixou um homem morto e outro ferido em plena tarde. O conflito, com paus e tiros, de acordo com testemunhas, ocorreu após discussão nos fundos do Auditório Araújo Vianna.
Tudo começou quando um grupo cercou um homem, entre o auditório e o chafariz do lago central da Redenção. Um dos homens, ao telefone, teria chamado os parceiros, avisando:
— Ele tá aqui, vocês vão demorar para chegar?
Em seguida outros três homens apareceram e, junto ao que telefonara antes, começaram a espancar o desafeto. Conforme testemunhas entrevistadas pela reportagem, que assistiram a tudo, o homem do telefone — com moletom branco e mochila nas costas — avisou aos gritos:
— Não é para matar, não é para matar!
A vítima estava quase desmaiando quando outro homem apareceu para socorrê-la, com uma pistola na mão. Ele apontou para o quarteto que batia e tentou disparar, mas a arma falhou.
Foi então que um dos quatro agressores sacou um revólver e disparou contra o homem armado de pistola. Baleado no peito, ele correu e caiu poucos metros adiante, onde recebeu atendimento do Samu. Depois, foi levado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), a poucos metros dali, mas não resistiu ao ferimento. Sua identidade ainda é desconhecida.
Os quatro que começaram o conflito fugiram. O espancado ficou caído na via que corta o parque ao meio, observado pela multidão.
O confronto foi assistido por famílias e crianças e apavorou usuários do parque mais frequentado de Porto Alegre.
— Em pleno dia, uma vergonha! — disse uma jovem, que assistiu ao tiroteio e disse ter escapado por pouco de ser atingida.
O atirador não foi localizado, mas equipes da Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas (Rocam) prenderam um suspeito, um homem de roupas azuis, que fugia do local. Testemunhas o identificaram como um dos agressores do homem espancado, mas ele negou envolvimento na briga.
Outros nove casos
28/2/2010: Gabriel Medina Marques, 15 anos, morreu com um tiro no cabeça. A morte resultou de um encontro de "bondes" (grupo formado por jovens com o intuito de brigar), agendado por redes sociais.
23/2/2011: Miguel Gérson Fernandes Santana, 53 anos, foi vítima de um latrocínio (roubo com morte) ao ter seus pertences roubados e, depois, ser espancado e esfaqueado próximo ao espelho d'água, por volta de 1h.
4/7/2011: Matheus Maciel dos Santos, 16 anos, foi assassinado às 19h, no parquinho infantil, com facadas nos braços, pescoço e em uma axila.
31/8/2012: Dagoberto Belmonte Barbosa, 46 anos, foi esfaqueado próximo ao túnel da Conceição, por volta de 5h45min.
12/5/2013: Jorge Luciano Soares de Oliveira, 38 anos, foi encontrado morto na Rua José Bonifácio com afundamento na face, às 1h20min.
13/2/2015: Um homem não identificado foi encontrado nas proximidades da Avenida João Pessoa, por volta de 6h, de bruços e enforcado com um cinto.
2/5/2015: Um homem também não identificado, esfaqueado na cabeça, foi encontrado morto junto ao lago do parque, por volta de 6h.
13/11/2016: Luiz Fernando Schilling da Silva, 29 anos, foi morto com uma facada no peito após uma tentativa de assalto. O morador de Novo Hamburgo estava com um casal de amigos e a irmã quando foi atacado na Avenida Osvaldo Aranha, às 23h20min.
10/12/2017: um homem morreu a facadas na margem do parque da avenida João Pessoa, por volta das 21h30min. O autor do crime fugiu a pé. Pessoas que estavam na região relataram à Brigada Militar que houve uma briga antes do ataque.