Depois de receber alta do hospital, na última quarta-feira (1º), o único sobrevivente da chacina de Porto Alegre deixou a Capital. Segundo a família, o homem de 31 anos partiu em viagem para outro estado onde deve fazer tratamento contra dependência química.
Na noite de 19 de julho, o sobrevivente foi baleado com um tiro na cabeça. Conforme um familiar, que preferiu não ser identificado, o disparo não atingiu o cérebro, o que evitou possíveis sequelas. O homem teve traumatismo craniano e passou por cirurgia. Ele permaneceu 13 dias internado até receber alta.
— Caminha bem, mas está bastante cansado, com trauma. Tem medo e não gosta de ficar sozinho — conta a parente.
O sobrevivente contou aos familiares que estava usando drogas quando criminosos entraram na casa, no bairro Passo das Pedras, na Zona Norte. A ação foi rápida e, segundo a polícia, levou de três a quatro minutos.
— Eles entraram e mandaram todo mundo se deitar. Só sentiu a cabeça queimando e um zumbido no ouvido — comenta.
Após ficar um tempo desacordado, o sobrevivente conseguiu se levantar, cambaleando entre os mortos.
— Ele levantou a cabeça e percebeu que estava respirando. Os outros ainda estavam ofegantes.
Em seguida, foi à rua pedir socorro.
“Oportunidade para mudar”
O homem consumia crack há pelo menos dez anos, segundo a família. Começou a usar drogas na adolescência, com maconha. Depois conheceu a cocaína. Em 2012, tentou se livrar do vício e se internou em uma clínica de reabilitação, onde ficou seis meses. Segundo a família, ele ficou algum tempo sem usar entorpecentes, mas acabou voltando.
Durante a dependência, ele praticamente não tinha pertences, que eram usados como moeda de troca.
— Quando ele usava não tinha roupa, tênis ou celular.
Após a chacina, o homem encara ter sobrevivido à chacina como um milagre.
— Agora ele vê como uma chance para se tratar, recuperar o tempo perdido. Viu uma oportunidade para mudar de vida.