A primeira quinzena de julho já é um dos períodos mais violentos do ano em Caxias do Sul. Foram 11 assassinatos entre os dias 3 e 14. A média de quase um assassinato por dia só havia sido registrada antes em janeiro, quando nove pessoas foram mortas entre os dias 12 e 20. Os crimes mais recentes ocorreram neste sábado, de um homem de 51 anos executado quando trabalhava no pátio de sua casa no bairro Santa Lúcia, e de um homem de 19 anos morto em um ataque a um salão de beleza no bairro Reolon.
O caso que mais preocupa, no entanto, é a execução de dois homens e uma mulher em uma casa abandonada no bairro Primeiro de Maio. O triplo homicídio remete à disputa pelo tráfico de drogas, cenário que elevou o número de assassinatos no segundo semestre do ano passado. Entre junho e novembro de 2017, foram seis ataques a supostos pontos de tráfico que deixaram 14 vítimas. A maioria destes assassinatos múltiplos ocorreu na Zona Norte. As execuções ocorreram após avisos de uma facção de que, naquele bairro, não poderiam ser vendidas drogas de outro fornecedor.
Todo homicídio, principalmente em sequência, preocupa. Agora, se me perguntar se algum deles destoa dos casos de Caxias do Sul, digo que não. São motivações diferentes, um atenuante.
RODRIGO KEGLER DUARTE
Delegado de Homicídios
Responsável pela elucidação dos homicídios, o delegado Rodrigo Kegler Duarte afirma que os casos recentes trazem semelhanças com as execuções do tráfico e que os investigadores estão atentos às movimentações criminosas. Ainda seria cedo para confirmar o envolvimento de facções. Sobre a sequência violenta de julho, o chefe da Delegacia de Homicídios afirma não perceber uma tendência.
— Todo número de homicídio, principalmente em sequência, nos preocupa. Agora, se me perguntar se algum deles destoa dos casos de Caxias do Sul, eu digo que não. São motivações totalmente diferentes, o que é um atenuante – comentou o delegado na última quinta-feira, quando o número de mortes na cidade ainda era de oito.
Apesar de perceber a semelhança com a guerra do tráfico do ano passado, o comando do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) acredita ser muito cedo para uma comparação. O que não há dúvidas, na opinião do major Emerson Ubirajara, é que o triplo homicídio no Primeiro de Maio é decorrência do tráfico.
– Tem total relação com o tráfico, mas não podemos dizer se foi por algum acerto de contas ou pela concorrência. Se irá ocorrer uma onda (deste tipo) de homicídios, não temos como prever. Quando há um sinal de elevação, já ligamos o alerta e planejamos — afirmou.
Períodos mais violentos de 2018:
Janeiro
:: Do dia 3 a 13: nove mortes.
:: Do dia 12 a 20: nove mortes. Uma das vítimas, no entanto, morreu em fevereiro. Mario Roberto de Souza, 56 anos, foi baleado na madrugada do dia 20 de janeiro, no bairro Reolon, e morreu no dia 8 de fevereiro no Hospital Pompéia.
Julho
:: Do dia 3 a 14: 11 mortes. Um fator que colaborou para a elevação do número de assassinatos foi o triplo homicídio registrado no bairro Primeiro de Maio na última terça-feira.