O Departamento de Homicídios da Polícia Civil vai levar em conta o perfil agressivo apresentado por Marcelo de Oliveira Bueno, 37 anos, preso como suspeito pelo homicídio culposo (quando não há intenção de matar) da companheira dele, Débora Forcolén, 18 anos, na investigação sobre o caso. O empresário, que alega ter dado um tiro acidental nela enquanto manuseava a arma, tem antecedentes por lesão corporal, ameaça e até violência doméstica contra outra mulher, em 2015. Flávio José Cenatti, advogado de Bueno, disse à reportagem que seu cliente foi solto no final da manhã desta sexta-feira (1°).
A delegada Roberta Bertoldo, que investigará o caso, diz que as informações colhidas no local do crime por seus colegas, que embasaram o enquadramento dele por homicídio culposo e não doloso, não são suficientes para comprovar que ele não teve a intenção de atirar. A principal testemunha é um vizinho, que chegou ao local após o disparo, e não viu exatamente como o fato ocorreu. Por isso, a delegava vai ouvir de novo o vizinho e até seus colegas policiais que estiveram na casa onde o casal morava.
Associado ao passado violento do homem e à falta de testemunhas, a polícia irá levar em conta também as denúncias de familiares da jovem, que relatam em postagens do Facebook que ela vinha sendo ameaçada pelo seu companheiro. Embora a vítima se apresentasse com o sobrenome Forcólen, na identidade da jovem constava o nome Débora Cassiane Martins Duarte.
— O entendimento inicial da autoridade policial não significa que seja o mesmo do Departamento de Homicídios. Iremos apurar todas as circunstâncias, inclusive as pretéritas, ou seja, o relacionamento do casal, que pode ter sido decisivo para o fato trágico ocorrido ontem — revela a delegada.
Nesta sexta-feira (1º), a Polícia Civil já está nas ruas para ouvir familiares e outras pessoas que conheciam o casal. O objetivo é saber exatamente como estava o relacionamento e confirmar, ou não, se vinha havendo brigas. Em um primeiro momento, as duas únicas testemunhas oculares, meninos de seis e oito anos, não serão ouvidas. Roberta alega que não quer "reviver um trauma tão grande" às crianças.
Além disso, o Departamento de Homicídios ainda quer saber o resultado da perícia realizada no corpo da vítima para descobrir a trajetória do tiro que a atingiu. O homem, que não possuía porte de arma, contou aos policiais que estava com a pistola calibre 380 de um amigo porque recentemente teve um imóvel ameaçado de invasão em Porto Alegre.
CONTRAPONTO
O advogado que defendeu o empresário na delegacia, Flávio José Cenatti, sustenta a tese de que não houve premeditação no crime. O advogado afirma que o seu cliente descreveu o relacionamento com a vítima como "muito bom".
— Não houve dolo e nem intenção. O relacionamento era muito bom entre os dois e ocorreu uma fatalidade — diz o advogado.
O advogado não deu detalhes sobre a decisão judicial que levou a soltura de seu cliente.