A Polícia Civil pôs na rua nesta segunda-feira (11) a segunda fase da Operação Deu Zebra, na fronteira gaúcha, para combater crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa associados à exploração do jogo do bicho.
Cinco pessoas foram presas preventivamente, sendo três delas em Bagé, uma em Santana do Livramento e uma em São Gabriel. Também foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão e 13 ordens de bloqueio de contas bancárias.
Dos detidos, três são mulheres e dois, homens. Um dos presos é Mário Kucera, que já estava no cárcere, na Penitenciária Estadual de Santana do Livramento, desde a primeira fase da Operação Deu Zebra, em abril de 2017. À época, Kucera foi detido pela suspeita de comandar, a partir de Bagé, uma das maiores bancas de jogo do bicho do Rio Grande do Sul, cometendo crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele segue preso aguardando julgamento e, agora, sofreu uma segunda medida de restrição de liberdade preventiva. Mandado de busca e apreensão foi cumprido no interior da cela dele, onde foram apreendidos um aparelho de telefone celular e documentos com anotações de contas bancárias e depósitos. A investigação apontou que, mesmo depois de preso, Kucera seguiu comandando a banca de jogo, orientando pessoas de confiança que estavam em liberdade.
— Ele coordenava toda a infraestrutura de dentro do presídio por telefone — explica a delegada Ana Tarouco, da 12ª Delegacia de Polícia Regional de Santana do Livramento.
Além de Kucera, os outros quatro presos na segunda fase da ofensiva são ligados ao seu grupo de atuação.
A Polícia Civil mapeou que Kucera, da prisão, usava o WhatsApp para dar ordens e coordenar a operação do jogo do bicho na fronteira, sobretudo na relação com os gerentes das bancas. Somente em duas semanas de monitoramento pelo WhatsApp, a equipe da delegada Ana constatou que Kucera comandou a movimentação de R$ 283,5 mil do interior da prisão.
Em 25 de abril de 2017, quando a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da Operação Deu Zebra na fronteira gaúcha, os alvos principais eram dois grupos que tinham atuação complementar em cidades como Bagé, Santana do Livramento e São Gabriel. A investigação apurou que, juntos, os dois núcleos criminosos movimentaram R$ 520 milhões em quatro anos. Na ocasião, em entrevista coletiva, o chefe de Polícia, Emerson Wendt, qualificou a ofensiva como a "maior investigação em termos de lavagem de dinheiro já realizada na história da Polícia Civil".
A reportagem tenta obter o contato da defesa de Kucera, mas, até as 16h30min desta segunda-feira, a informação não havia sido repassada pelas autoridades que comandam a investigação.