Um longo tiroteio seguido de incêndio de duas casas no bairro São Jorge, em Torres, na madrugada desta quinta-feira (7), é classificado pelo setor de inteligência da Brigada Militar (BM) como mais um capítulo de uma disputa entre pelo menos três facções rivais no município do Litoral Norte gaúcho.
Conforme a Brigada Militar, pouco depois da 0h, os policiais foram chamados por moradores da Rua Santo André após ouvirem aproximadamente 150 disparos de arma de fogo. Duas viaturas da corporação foram até o local e encontraram duas casas incendiadas. O Corpo de Bombeiros apagou as chamas, mas as residências tiveram perda total. Não houve feridos.
A BM afirma que recebeu a informação de moradores de que "vários" criminosos chegaram ao local após caminharem por um morro. Eles teriam então atirado, incendiado a casa e depois fugido pelo mesmo local. Buscas foram feitas, mas ninguém foi preso.
As duas casas pertencem a homens investigados pela Polícia Civil e já haviam sido alvo de mandados de busca e apreensão em operações recentes. Eles não foram localizados. Cápsulas de calibre 12 e 9 milímetros foram recolhidas no local.
Conforme o subcomandante do 2º Batalhão de Patrulhamento de Áreas Turísticas (BPAT), major Claudiomiro Souza Júnior, a cidade atrai criminosos por ser considerado um ponto estratégico na logística das facções do tráfico.
— Nós identificamos a chegada de facções criminosas que estão em busca de território. A BR-101 é um corredor, que traz indivíduos criminosos da Região Metropolitana e também de Santa Catarina, além dos que descem da Serra — comenta o oficial.
Ele afirma que operações vêm sendo realizadas no município para prender os envolvidos, mas que há a "ascensão de novas lideranças" na região, o que dificulta o trabalho policial. Nunes promete novas ações em Torres com o efetivo de soldados da cidade e o reforço de tropas de Capão da Canoa, Xangri-lá e Arroio do Sal.
O delegado Juliano Aguiar de Carvalho, titular da delegacia local, diz que investigações da Polícia Civil também identificam a presença de traficantes de diferentes facções em disputas por pontos de vendas de droga na cidade.
— É preocupante. O que Torres hoje enfrenta o Litoral Norte tem enfrentado na medida em que as facções de Porto Alegre e região estão migrando para o Interior — lamenta.