A polícia acredita que a morte de Claudieli Santos, 19 anos, tenha sido premeditada pelo ex-namorado da jovem, André Kruger Bork, 20 anos. A mulher estava grávida de três meses e tinha um filho de sete meses. No sábado (7), ele confessou o crime e indicou onde estavam os restos mortais dela, encontrados em uma cova de cerca de um metro de profundidade, dentro de um galpão de fumo, na propriedade onde o homem mora com os pais.
Claudieli foi vista pela última vez por familiares na noite de 17 de março, quando saiu de casa para ir a uma festa. Em depoimento, o jovem relatou que ela foi morta "antes do sol nascer" na madrugada do dia seguinte dentro do galpão. Peritos acreditam que a causa da morte tenha sido um disparo de arma de fogo.
Para o delegado Edson Ramalho, responsável pela investigação, indícios mostram que o crime foi planejado pelo homem. Um deles é a escolha do dia para a morte. Naquele final de semana, os pais de Bork foram a uma formatura em Santa Maria, região central do Estado.
— Ele teve muito tempo para cavar e abrir um buraco de um metro de profundidade. Se eles (os pais do jovem) estivessem em casa, iam ter visto a menina ali e escutado o barulho. O galpão fica a 10 metros de distância da casa. Foi algo planejado — observa Ramalho.
Antes da confissão, a polícia já desconfiava da participação de Bork no crime. Desde o início das investigações, dois dias após o desaparecimento, o homem salientava que não tinha contato com Claudieli desde o começo do ano. Entretanto, vizinhos da vítima relataram terem visto ele com frequência na casa dela.
— Ele vinha à casa dela três vezes por semana, na madrugada — conta o delegado, a partir de relatos de vizinhos.
Além disso, com a quebra do sigilo telefônico dela, a polícia descobriu que Claudieli manteve contato com o ex-namorado antes e depois de sair de casa na noite de 17 de março, último dia em que foi vista viva.
Na última segunda-feira (2), os investigadores receberam mais informações da Brigada Militar que ligavam o homem ao crime. E conseguiram na Justiça mandados de busca e apreensão, cumpridos na sexta-feira (6), mas nada foi localizado.
No dia seguinte, sábado (7), Bork foi à delegacia acompanhado de dois advogados e confessou o crime.
— Ele foi bem sucinto, estava bem instruído pelos advogados. Disse "fui eu quem matei e estava sozinho". Perguntei por que, quando e como e não me respondeu nada — detalha o delegado.
Após indicar onde estava o corpo, o homem foi preso em flagrante por ocultação de cadáver e foi levado para o Presídio de Pelotas. Depois de detido, a prisão foi convertida pela Justiça em preventiva por feminicídio.
Motivação
Em depoimento, Bork não detalhou porque teria matado a ex-companheira. Entretanto, a polícia acredita em duas hipóteses, ligadas às duas crianças. A primeira delas é de que o filho de sete meses não seria dele, o que teria sido confirmado em um exame de DNA, realizado de forma particular. Claudieli esperava realizar um segundo teste, por meio do Estado, para confirmar a paternidade.
Além disso, a polícia avalia a possibilidade de que o homem não aceitava o segundo filho, que estava ainda em gestação.
— De repente, ele não queria — salienta o delegado.