A mulher morta a facadas pelo companheiro em Alvorada na noite de sábado (16) era chef em um restaurante no Mercado Público de Porto Alegre e tinha seis filhos – cinco mulheres e um homem. Janete Teresinha Lima da Silva, 49 anos, foi assassinada dentro de sua casa. Além dela, uma das filhas, a auxiliar de produção Michele Silva da Rosa, 29 anos, também morreu após ser esfaqueada por um homem.
Para a Polícia Civil, o principal suspeito do crime é o companheiro de Janete, de 48 anos. Os dois se conheciam há mais de 20 anos — do Mercado Público, onde ambos trabalhavam — e estavam juntos havia sete meses.
Segundo uma filha de Janete, a mãe e o então padrasto chegaram a ter um relacionamento extraconjugal. Neste ano, Janete terminou o namoro com outro homem e decidiu assumir a relação com o suspeito.
Michele não aceitava a situação e, por isso, a mãe mudou para outra casa, na frente do terreno, para evitar o contato dos dois. Para a família, o crime foi motivado por uma mistura de alcoolismo e ciúmes dele por Janete.
Criança presenciou crime
Conforme familiares, que preferiram não se identificar, os dois estavam na residência e passaram a discutir por volta das 20h de sábado.
A mãe de Janete, de 74 anos, que mora em uma casa no mesmo terreno, passou a ouvir os gritos e chamou o bisneto, de 11 anos, filho de Michele. O menino foi até a casa e viu a avó caída no chão, já com um corte no pescoço.
Com a faca em punho, o homem teria ameaçado a criança.
— Ele disse: "vem aqui que te mostro o que faço contigo" — conta um dos genros de Janete, de 24 anos.
A criança correu para a casa de sua mãe, nos fundos do terreno. Nesse meio tempo, a idosa já tinha se trancado em casa e Michele saiu às pressas da residência para ver o que estava acontecendo.
Ao ver a enteada, o homem teria passado esfaqueá-la. Desesperada, ela ainda correu para a rua. Mas o portão estava trancado. Michele foi golpeada novamente até conseguir abrir a saída. Correu cerca de 50 metros até cair.
— Ela falava: "Meu filho está lá dentro" — conta um vizinho, de 83 anos, que limpava o terreno.
Michele foi levada para o hospital da cidade, onde acabou morrendo. Segundo familiares, ela teria cerca de 40 perfurações de faca pelo corpo.
Histórico de violência
O homem já tinha histórico de agressões contra a mulher, segundo familiares. Entretanto, Janete nunca registrou ocorrência, explica a delegada Jeiselaure Rocha de Souza.
— Ela não tinha ocorrência de violência doméstica e medida protetiva — observa a policial.
Na segunda-feira (11) o casal teve uma discussão na casa. O homem teria chegado ao local embriagado e ameaçado Janete com uma faca. Uma das filhas, de 20 anos, e seu marido, de 24 anos, interviram.
— A gente chegou e ele saiu correndo, se escondendo em um mato. Depois foi para um bar — conta a filha.
Ela chegou a aconselhar a mãe a chamar a polícia e registrar ocorrência, mas Janete se negou.
— Minha mãe disse: "Não mana, ele estava só de brincadeira".
Agora, a filha não se conforma com a morte. Ela estava na casa de outra irmã quando foi avisada do que tinha acontecido.
— Foi horrível. Mas poderia ter sido diferente. Ela nunca fez mal a ninguém — lamenta a filha.
Na tarde deste domingo (17), o homem seguia foragido. Para evitar que voltasse à casa, familiares queimaram pertences dele em frente à residência.