Com a voz embargada e sem conseguir disfarçar um abalo, a idosa de 66 anos que perdeu
R$ 157 mil com a ação de estelionatários conversou com a reportagem de GaúchaZH. Com medo de represálias, ela preferiu não ser identificada, mas disse que mais importante que seu nome, é a reprodução de sua história para a situação não se repetir com outras pessoas.
Segundo ela, a abordagem ocorreu perto de sua residência, no dia 27 de março. Lá, uma mulher, que teria comprado o bilhete de outra pessoa, chegou a ela descrevendo um homem e indagando sobre o seu suposto endereço.
— De repente, chegou um homem e eles começaram a conversar. Essa mulher insistiu no pedido de endereço para que eu permanecesse ali, enquanto ele ligava para a Caixa Econômica — conta a idosa.
A partir daí, a vítima diz que não lembra muito do que aconteceu, mas sabe que fez coisas que não faria normalmente, como entregar ao casal os seus cartões bancários.
— Entrei em um carro desconhecido, fui até três agências bancárias. Foi tudo muito rápido e eu fiquei paralisada, só fazendo o que eles pediam — diz.
Conforme o relato, sempre fingindo tristeza, os estelionatários disseram que precisavam de ajuda, pois o prêmio de aproximadamente R$ 1,5 milhão entraria e a conta não teria saldo para o desconto do imposto de renda. Eles teriam oferecido recompensa, além do pagamento do dinheiro emprestado, mas a todo momento a idosa teria recusado.
Com o golpe concretizado, a dupla teria deixado a mulher no ponto onde a encontrou, pedindo que ela não contasse a ninguém o que aconteceu, pois seria perigoso para a suposta premiada.
— Quando vi os descontos na conta e nos cartões, comecei a passar mal, então tive que contar ao meu esposo. Ali, percebemos que caí em um golpe e fui até a delegacia no dia seguinte — recorda.
A mulher, que vive na Região Metropolitana, disse conhecer esse tipo de golpe, mas ainda procura respostas para aceitação tão fácil nesse crime.
— Não sei o que aconteceu para eu cair em uma coisa dessas. Vemos todo dia na televisão alertas, notícias e a gente pensa que nunca vai acontecer conosco, mas aconteceu — conta.
Para ela, mesmo com a denúncia e aviso nas agências bancárias por onde passou, é quase impossível reaver os valores economizados pelo casal.
— Tinha o dinheiro da aposentadoria do meu esposo e uns troquinhos, que a gente vai guardando para ter uma aposentadoria mais tranquila. Perdi as economias de uma vida — fala com a voz embargada.
A idosa agora teme por sua segurança e de seus familiares, que não sabem do estelionato.
— Só posso agradecer por não ter acontecido algo mais grave. Mas e depois? Será que eles vão voltar e querer fazer algo pior? — questiona, em lágrimas.