Moradores do Edifício Paraguay, na Rua Engenheiro Alexandre Martins da Rosa, viveram momentos de terror ao perceberem que o mesmo prédio em que moram havia sido palco dos assassinatos de Mariane da Silva Isbarrola, 30 anos, e Terezinha de Fátima Pereira da Silva, de 56. Três vizinhos do local do crime, com quem a reportagem de GaúchaZH conversou, afirmam que o ex-companheiro de Mariane é o autor do feminicídio.
Por volta das 6h30min, Edgar Menezes do Nascimento, morador do quarto andar, acordou com gritos de socorro e saiu para ver o que ocorria. Logo percebeu que a confusão era no apartamento de Mariane e de sua mãe. Ele foi até o local e bateu forte na porta.
— Quem atendeu foi ele, com uma faca na mão, meio sujo. Estava falando normal. Eu fiquei com medo e saí correndo pedindo por ajuda — relata o vizinho.
Neide Maria Oliveira da Paixão, que mora na frente do prédio da família, tem relato semelhante. Ela acordou também com gritos de socorro. Logo, o marido dela viu o suspeito do crime deixando o imóvel correndo. Os vizinhos não entenderam o que ocorria e, por isso, não o detiveram.
— O meu marido viu o rapaz abrir o portão e sair correndo. O pessoal falou que era ele mesmo que fugia. Fomos no apartamento delas, batemos na porta e nada. A Brigada Militar chegou em seguida e arrombou a porta. Elas já estavam mortas — conta Neide.
De acordo com os vizinhos, antes de fugir, o ex-companheiro saiu com as duas filhas, de quatro e sete anos, frutos da relação dele com Mariane, no colo. Ele deixou as duas crianças na casa de Gabriela Latuada, no andar de baixo da cena do crime.
— Ele só pediu para deixar as crianças que a mãe dele ia buscar. Ele saiu, depois voltou e deixou o celular dizendo que ligaria. Depois não voltou — relata Gabriela.
Conforme Gabriela, ele estava pálido e parecia desorientado.
O homem deixou o prédio correndo e entrou em um HB20, que estava estacionado depois de um canteiro que divide a rua do prédio com a Avenida José Aloísio Filho. O nome dele ainda não foi revelado.
Casal descrito como tranquilo e educado
Os vizinhos afirmam que Mariane e o ex-companheiro eram educados com vizinhos e com todos a sua volta. Daniel Masson, que conhecia Mariane há 15 anos, descreveu-a como "trabalhadora e uma grande mãe".
— Eles estavam em briga de separação. Separa, volta, separa, volta, e nas últimas vezes ele não estava mais aceitando. Tava um sufoco para o lado dela e ele já a tinha ameaçado, mas ela sempre achava que ele jamais faria isso. A gente também nunca imaginou que faria uma coisa dessas — revela.
Segundo a delegada Clarissa Demartini, a motivação do crime foi justamente o descontentamento dele com o término da relação que tinha com Mariane. O casal estava em processo de separação há dois meses, período em que o homem teria começado a ameaçar. Ela não registrou ocorrência policial contra ele.