A Polícia Civil concluiu a primeira parte da investigação sobre o episódio conhecido como farra do pó — o vídeo que circulou no começo do ano que mostrava presos consumindo cocaína dentro do Presídio Central, hoje chamado de Cadeia Pública de Porto Alegre. Através da Operação Zero Um, o Departamento de Investigações Criminais (Denarc) indiciou cinco envolvidos e pediu a prisão preventiva deles. A investigação foi detalhada em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (17).
Marcos Paulo Vasconcelos Correa, Jonatas Moreira Farias, Anderson Silva Rodrigues Neto, Luís Fernando Prates Terragno e Rafael Cardona Souto foram indiciados por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas, crimes que, somados, têm pena prevista de 8 a 25 anos de prisão. O agravante é o fato de os crimes terem sido cometidos dentro do sistema prisional. Os cinco indiciados já estão presos em regime fechado, mas poderão sofrer sanções administrativas — como transferência de presídio, por exemplo. Eles prestaram depoimento à polícia, mas deram respostas evasivas quando perguntados sobre o fato.
Esta primeira etapa da investigação tinha como objetivo identificar se o vídeo era realmente verdadeiro e quem eram os responsáveis. A "festa", como definiu o diretor de investigações do Denarc, delegado Mário Souza, ocorria em um dos corredores do pavilhão B.
— Tivemos muito cuidado para seguir este caminho, porque não é fácil investigar presos dentro do sistema prisional, e o vídeo tinha péssima qualidade. Acreditamos que o vídeo vazou sem querer, porque isso gera sanções para os presos. Este foi um fato grave, fora da curva no nosso sistema prisional, uma espécie de festa no presídio. Foi a primeira vez que uma situação dessas chegou ao nosso conhecimento. Estes cinco indiciamentos são importantes porque quem fez isso expõe a facção — explica.
Os cinco indiciados são ligados a uma facção que tem berço no Vale do Sinos, mas que age em todo o Estado. Os demais presos que aparecem na gravação, cerca de 40, foram identificados como usuários dentro deste contexto – eles deverão ser responsabilizados ao longo da investigação. A estimativa é de que o vídeo tenha sido gravado entre setembro e outubro do ano passado.
O delegado Thiago Lacerda, titular da 2ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico, afirma que, agora, os próximos passos da investigação serão identificar de que maneira a droga entra no Central:
— Existem ações semanais de pessoas colocando drogas lá dentro, e todo o tempo há ações dos órgãos de segurança. O mais grave é terem organizado aquele evento. Toda droga entra de alguma forma. Mas agora vamos tentar identificar de que maneira isto aconteceu — detalha.
No último sábado (14), um policial militar foi preso com 2 quilos de maconha, 50 gramas de cocaína e 30 gramas de crack dentro das dependências do Presídio Central.
Colaboraram com a investigação do Denarc a Brigada Militar e a Susepe.