Entre os 77 municípios gaúchos que só têm um policial, estão cidades que se tornaram alvos frequentes de bandos que atacam agências bancárias. Dos 12 municípios no Vale do Taquari onde há somente um policial, pelo menos nove tiveram ação de assaltantes de bancos em 2017.
Em Progresso, assim como em Boqueirão do Leão, no Vale do Rio Pardo, ambos municípios com apenas um agente, as agências do Banco do Brasil foram fechadas após ataques com explosivos. Os moradores chegaram a fazer protestos contra a decisão.
— Sou só eu e Deus — diz um policial de uma das cidades do Vale do Taquari.
Em Maximiliano de Almeida, o comerciante e agricultor Luiz Dal Bello, 34 anos, presenciou os dois ataques aos bancos da cidade. No primeiro, em 9 de setembro de 2015, estava na pista do posto de combustíveis do pai, onde trabalha, quando os ladrões armados com escopetas e fuzis saltaram de uma Hilux branca no meio da rua principal. Não houve tempo para escapar. Ele, outro funcionário e um cliente foram obrigados a caminhar até o meio da rua e formar com outros moradores um escudo humano.
— Na hora de irem embora levaram a gente. Só nos soltaram no trevo. É uma coisa que a gente vê em filme, mas nunca imagina que vai passar. É terrível — conta Dal Bello.
No segundo ataque, em fevereiro de 2017, estava na pista do posto outra vez e viu quando assaltantes chegaram em caminhonete escura. Logo reconheceu que era novo ataque aos bancos. Dessa vez, correu para dentro do estabelecimento. Os bandidos atacaram três agências e fugiram, de novo, com reféns.
— Ficamos só escutando os tiros, mas nem espiamos, de medo. Foi horrível — conta.
A migração de criminosos e facções para o Interior é acompanhada com preocupação pelo sindicato dos agentes. Monte Belo do Sul, na Serra, onde uma moradora foi rendida por um dos assaltantes que atacou um carro-forte na BR-470, em 6 de fevereiro, também está entre as que têm só um policial.
— Temos muitas cidades que foram alvo de ataques. São bandos que tocam terror. É triste — diz Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm.