O homem apontado pelo Ministério Público como o principal executor do casal Paulo César Raichaski, 42 anos, e Solange de Lima Vargas, 35 anos, em agosto de 2015, em Canoas, foi preso no Paraguai.
Evandro Francisco Padilha, o ET, 22 anos, foi capturado na quinta-feira (7) em Pedro Juan Caballero e era o único dos quatro réus denunciados pelo MP que ainda não havia sido pronunciado pela Justiça por estar foragido. O acusado foi pego durante uma ação da Polícia Nacional do Paraguai que derrubou uma quadrilha com 28 criminosos — 12 deles brasileiros — que usavam uma fazenda como entreposto para contrabandear cigarros para o Brasil. ET usava documentos falsos e, além do Rio Grande do Sul, era procurado pelas polícias do Mato Grosso do Sul e Paraná, por pelo menos outros quatro homicídios.
— Na época, apuramos que o ET atuava como matador na região de fronteira do Paraguai. Havia sido contratado para matar o casal que vinha de Santa Catarina para finalizar a negociação de um terreno em Içara. Com esta prisão, a apuração se comprova — avalia o delegado Marco Guns, que comandou a apuração do duplo homicídio, na época.
Conforme o Ministério do Interior do Paraguai, no começo desta semana, o criminoso deve ser expulso sumariamente do país. Só então poderá avançar o processo pelas mortes dos catarinenses na Justiça gaúcha. De acordo com o delegado Arthur Raldi, da Delegacia de Capturas, do Departamento de Investigações Criminais (Deic), não será feita nenhuma operação para traze-lo neste momento ao Rio Grande do Sul. O destino do criminoso deve ser o Paraná, onde ele tem condenação por um duplo homicídio em Marmeleiro.
Os crimes
Em agosto de 2015, Raichaski, que era corretor de imóveis, viajou até São Leopoldo acompanhado pela mulher para receber R$ 80 mil pela venda de um imóvel em Içara. Ele havia negociado com Wladimir Luciano de Jesus Israel Zeferino, o Gordo, que teria combinado a finalização da compra no Vale do Sinos.
Conforme a denúncia, Gordo, que acabou morrendo na prisão, nunca teve o dinheiro para fechar o negócio. Teria contratado criminosos, entre eles o ET, para extorquirem o casal. Eles acabaram matando os catarinenses em Canoas, junto à Rodovia do Parque. Cada um receberia R$ 10 mil pelo serviço que, segundo a investigação, nunca foi pago.
Natural de Esteio, até 2015, a rotina do ET, como apurou a polícia à época, era refugiar-se na Região Metropolitana depois de cometer crimes na fronteira.
— Na nossa região, ele é tratado como pistoleiro mesmo. Já trabalho há 30 anos aqui e ele, seguramente, é dos mais violentos que já investiguei — garante o diretor regional de polícia, de Naviraí (MS), delegado Claudineis Galinari.
Conforme o delegado, o crime mais recente pelo qual Evandro Padilha é apontado como autor aconteceu no município de Mundo Novo (MS). Ele teria executado há cerca de três meses um homem que era suspeito de ter um relacionamento com uma mulher casada no lado paraguaio da fronteira. ET teria sido contratado para a mata-lo.
Troca de tiros, 22 caminhões e 28 presos
A ação da manhã de quinta foi comanda pelo Departamento contra Crimes Econômicos do Paraguai. Os policiais foram recebidos a tiros no local que abrigava 22 caminhões carregados de cigarros. A investigação apontou que o material seria trazido ao Brasil. Entre os principais cigarros encontrados estão os da marca R7, que virou símbolo da expansão de uma facção criminosa no interior do Estado no mercado de contrabando de cigarros.
Segundo a polícia paraguaia, ET atuava como batedor para os carregamentos que sairiam da fazenda, que era arrendada por um produtor de cigarros do Paraguai. A suspeita da polícia é de que os 28 presos — entre eles um policial local — pertenceriam ao PCC.
O jornal ABC Color, do Paraguai, refere que a fazenda, na verdade, seria uma das propriedades do criminoso Jarvis Chimenes Pavão, considerado um dos barões da rota da droga para o Brasil e atualmente preso em Assunção. Ele está prestes a ser extraditado. O jornal afirma que, além de investigar o contrabando naquela propriedade, os policiais apuravam a possibilidade de que o bando planejava um resgate de Pavão. O Ministério do Interior do Paraguai não confirma esta informação.
Além dos caminhões e dos cigarros, os policiais apreenderam no local um fuzil M4 5.56, outros dois rifles, uma espingarda calibre 12 e duas pistolas 9mm.