Os dois policiais militares investigados pela morte de dois homens no bairro Navegantes, na zona norte de Porto Alegre, em agosto, foram presos preventivamente na quarta-feira (20), pela corregedoria-geral da Brigada Militar (BM). A prisão ocorreu após decisão judicial.
Os soldados Samuel Curtinaz de Freitas e Ricardo Pedroso de Almeida foram indiciados pela Polícia Civil por duplo homicídio doloso qualificado, com recurso que dificultou a defesa das vítimas. Eles também foram indiciados após investigação da BM, em inquérito policial militar (IPM). Nesta quarta-feira (20), a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MP) e os brigadianos tornaram-se réus por fraude processual, duplo homicídio e posse de arma.
O caso aconteceu em 18 de agosto, pouco antes das 6h. A versão dos policiais era de que voltavam de uma festa em um Toyota Corolla blindado quando, na esquina das avenidas Sertório e Farrapos, teriam sido abordados por dois homens em um Golf prata. Um dos homens teria tentado assaltar os brigadianos, que atiraram contra a dupla.
Ainda de acordo com o depoimento dos policiais, o tiroteio teria se estendido por mais de uma quadra e se encerrou perto de uma parada de ônibus, ainda na Sertório. De acordo com o comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM), os dois baleados foram levados em uma viatura até o Hospital Cristo Redentor, onde chegaram já sem vida.
– Câmeras de monitoramento na rua evidenciaram que a versão dos soldados é falsa. Além de eles terem fraudado a cena do crime, mentiram sobre este suposto assalto, que não aconteceu – explicou a promotora Lucia Helena Callegari.
Na ocorrência, morreram Juliano Andrade Ferreira e Cristiano Severo Lima, ambos de 40 anos, que não tinham antecedentes criminais graves, apenas registros por ameaça e desobediência.
A reportagem de GaúchaZH telefonou cinco vezes para a advogada Aline Azambuja, que defende os brigadianos, mas até a publicação desta reportagem ela não atendeu.