A Polícia Civil segue em busca de seis foragidos na Operação Quebra-Cabeça, desencadeada na última quinta-feira (16). A ofensiva atacou os bens de Jackson Peixoto Rodrigues, o “Nego Jackson”, 34 anos, que chegou a ser um dos traficantes mais procurados da polícia gaúcha, sendo preso em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, em janeiro. Cerca de R$ 11 milhões, distribuídos em um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, foram sequestrados ou bloqueados com autorização judicial.
A facção do traficante, conhecida como Anti-Bala, é um consórcio de pequenas quadrilhas que inicialmente se uniram para ganhar poder bélico contra o grupo chamado Bala na Cara. Tendo como um de seus territórios a área da Vila Jardim, na zona norte de Porto Alegre, onde a célula de Nego Jackson comandava, a facção é apontada pela polícia como responsável por decapitações, esquartejamentos e violentas execuções na Região Metropolitana.
Todos os procurados, que tiveram nome e fotos divulgados neste sábado (18), têm mandados de prisão em aberto. Ainda há outras pessoas investigadas pelos agentes, mas o nome destas e suas funções na facção são mantidas sob sigilo.
O delegado Filipe Bringhenti, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro do Gabinete de e Inteligência e Assuntos Estratégicos da Polícia Civil, deposita suas esperanças nas denúncias feitas pela comunidade para encontrar os foragidos.
— Hoje já não temos local para procurar. É extremamente importante a comunidade denunciar para a polícia a localização. Ajudaria muito a tirar essas pessoas da rua — afirma o delegado.
A Polícia Civil disponibiliza o número 197 para denúncias por telefone e (51)98418-7814 via Whatsapp. A polícia garante o sigilo da fonte.
Quem são os procurados:
Raquel Lopes dos Santos, 42 anos
Conforme a investigação, a mulher é a gerente financeira e a principal aliada de Jackson. A partir de sua casa, comandava todo o esquema enquanto Jackson estava no Paraguai e após sua prisão. Mandava dinheiro para fora do Brasil, mandava funcionários recolher dinheiro do tráfico, aliciava laranjas e contava cada centavo da facção. O delegado Bringhenti afirma que ela era “a voz e os olhos” do traficante. Foi procurada pela polícia em Gravataí, Viamão e no bairro Vila Jardim.
Carlos Cesar Guimarães, o Guga:
Marido de Raquel, Guimarães, conhecido como Guga, era traficante da linha de frente. Gerenciava a venda de drogas em ponto de Porto Alegre e Região Metropolitana. Um do homens de confiança, cumpria as ordens dadas por Raquel. Responsável, também, por arrumar dinheiro para a facção reinvestir no patrimônio. Buscas sem sucesso foram feitas contra ele em Gravataí.
Elíssima Nataly dos Santos Guimarães:
Filha de Raquel, tinha o mesmo papel de sua irmã, Jéssica dos Santos Guimarães, que já está presa. Como tinha o nome limpo, sem antecedentes ou restrições para compras, era uma das escolhidas pela mãe para levar dinheiro até agências bancárias e fazer depósitos. Não se envolvia em homicídios. Desfrutava com a família do dinheiro do tráfico.
Jéferson Wilian dos Santos Guimarães:
Terceiro filho de Raquel, tinha o mesmo papel de suas irmãs.
Eva Rosaura Monteiro Pereira:
Mãe da esposa de Nego Jackson, Pâmela Monteiro Pereira, 30 anos, presa na quarta-feira (15) enquanto tentava embarcar em um avião no Aeroporto Salgado Filho. Segundo a polícia, ela era a laranjas mais próxima do traficante. Autorizava o uso do seu nome, assim como do marido, que foi preso, para que a filha não fosse identificada. Em troca, recebia o conforto e uma vida luxuosa financiada com dinheiro do tráfico. Não há pistas do seu paradeiro.
Alexandre Dussarat, o “Sadol”
Um dos homens operacionais requisitados por Raquel. Cumpria todo tipo de ordens. Investigadores afirmam que ele fazia o leva e trás de drogas. Também responsável por aliciar laranjas e pessoas com nome limpo.
Números da Operação Quebra-Cabeça
Valor total de bens sequestrados e bloqueados até o momento com autorização judicial: cerca de R$ 11 milhões
— 32 imóveis sequestrados, como casas, apartamentos, estacionamentos e supermercados, com valor aproximado de R$ 9 milhões.
— 31 veículos sequestrados com valor pela Fipe de R$ 800 mil.
— Valores já bloqueados em contas bancárias: R$ 757 mil.
— Oito meses de investigação.
— Ação em Porto Alegre, Gravataí, Viamão, Cachoeirinha e Taquara.
— 30 mandados de busca e apreensão.
— 11 mandados de prisão.
— A quadrilha fez depósitos para empresas e pessoas físicas de seis Estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Piauí.