O sequestro de seis meninos, em novembro de 1977, no bairro Moinhos, em Porto Alegre, ganhou repercussão na imprensa nacional e internacional. Os garotos eram acostumados a usar a Rua Santo Inácio como campo improvisado para as partidas de futebol. Quando receberam o convite para jogar em um ginásio e enfrentar outro time, empolgaram-se com a ideia. Ao entrarem na Kombi do sequestrador, os amigos acreditavam que estavam a caminho do jogo. 36 horas depois, quando foram libertados do cativeiro, encontraram a mesma rua de onde partiram tomada por uma multidão. Jornalistas, policiais, fotógrafos e familiares aguardavam por eles.
— A partir desse momento que começou a cair a ficha do que era um sequestro — conta Rogério Padilla, 48 anos, na época o caçula da turma.
Além dele, tinham sido sequestrados o seu irmão Renato Padilla, então com 14 anos, Renato Rizzo, 14 anos, Alexandre Crespo, 14 anos, Rafael Mottin, 13 anos e Edgardo Velho, 12 anos. As primeiras matérias sobre o caso só foram publicadas por Zero Hora e divulgadas pela Rádio Gaúcha, em um trabalho integrado, no sábado, após os meninos serem libertados. Os garotos chegaram em frente à casa da família Rizzo às 6h53min do dia 5 de novembro.
No dia seguinte ao retorno dos meninos, eles foram levados até o local do cativeiro, em Gravataí. Na clareira eles tinham passado 36 horas, a maior parte delas dentro de uma Kombi, onde chegaram a ser acorrentados pelos pés.
Além dos relatos detalhados feitos pelos meninos, a partir daquele momento a imprensa passou a acompanhar as tentativas de identificar o sequestrador. A polícia já acreditava que o criminoso tinha agido sozinho, ao contrário do que ele tinha relatado para os garotos. Um retrato falado também foi divulgado diversas vezes, em busca de pistas do sequestrador, que os garotos chamavam de Fuscão.
Ao divulgar o retrato falado, o delegado responsável pelo caso afirmou, em entrevista coletiva, que a polícia ainda não tinha pistas concretas que levassem à identificação do suspeito.
Mas foi por meio do trabalho de três repórteres, Cláudio Brito, Sérgio Lima e Roberto Hirtz, de Zero Hora e Rádio Gaúcha, que a polícia teve acesso à primeira fotografia de Santino Ferreira da Silva. A primeira pista surgiu em Santo Antônio da Patrulha, onde moradores afirmavam conhecer alguém parecido com a imagem do retrato falado. A partir de lá os repórteres descobriram a fotografia de Santino, que resultaria em sua identificação.
Na noite de 5 de novembro, três dias após receber o resgate de 1.730.000,00 cruzeiros (R$ 250 mil, em valores corrigidos), Santino foi preso após ser identificado enquanto caminhava próximo de uma rodovia, em Porto Alegre. A prisão foi feita por dois policiais rodoviários da Brigada Militar, que flagraram o sequestrador dentro de um restaurante às margens da Tabaí-Canoas. O dinheiro foi recuperado pelos mesmos policiais.
Após a prisão, Santino falou à imprensa. Cada repórter teve direito a uma pergunta.
— O plano foi arquitetado durante a noite. Eu não dormia e passava a maior parte das noites me virando de um lado para o outro, executando e planejando — disse aos jornalistas.
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