Apesar de ainda não ter em mãos o laudo da perícia, o delegado de Carazinho Edinei Albarello diz não ter dúvida de que os corpos de duas mulheres e um homem localizados por lenhadores em um matagal na área rural de Não-Me-Toque, no norte do Estado, no domingo (1º), são da família desaparecida desde maio. Roberto Terres, 46 anos, a esposa dele, Márcia Cristina Johan, 50 , e a filha do casal, Maria Elizabete Johan, 15, haviam viajado de Carazinho até o município de Colorado para negociar um carro quando sumiram.
— Temos 100% de certeza de que é a família de Carazinho. Há três fatores em que acredito. O local onde eles foram encontrados é no itinerário entre Colorado e Não-Me-Toque, uma possível rota que o autor teria seguido após o homicídio. O outro são as vestimentas semelhantes. E também o estado de decomposição dos corpos é de cadáver com, mais ou menos, três a quatro meses, sendo que não há nenhum novo desaparecido na região — argumenta o delegado, elencando os motivos que o levam a ter certeza de que os corpos são da família.
As ossadas foram localizadas por duas pessoas que procuravam lenha em uma localidade chamada de Fazenda Montenegro, onde só há acesso por uma estrada de chão batido. Eles acabaram vendo um pedaço de crânio humano e uma bota feminina em um quadrado de terra onde não havia nenhuma vegetação. A polícia foi chamada e encontrou os corpos em uma cova rasa, de cerca de um metro de largura por um metro de profundidade.
Os corpos foram enviados para o exame de necropsia. O DNA localizado nas ossadas será confrontado com o de familiares das possíveis vítimas. Há uma previsão de que o resultado saia em 30 dias.
O principal suspeito do crime foi preso e o inquérito sobre o desaparecimento foi finalizado em junho. A Polícia Civil indiciou Flávio Diefenthaler Martins, 47, por três homicídios dolosos, três ocultações de cadáver e também por tentativa de homicídio contra o vizinho que estava junto com a família e conseguiu fugir da emboscada correndo para um matagal. A denúncia já foi oferecida pelo Ministério Público e aceita pelo Judiciário. O caso, agora, está em fase de instrução.
A conclusão da Polícia Civil é de que a família foi vítima de uma emboscada promovida por um homem que devia a Roberto Terres.
— Na investigação, ficou comprovado que o acusado devia R$ 20 mil de uma dívida ligada ao tráfico de drogas para ele (Roberto). Acredita-se que ele daria um carro em troca da dívida — comenta o delegado.
Um laudo que é preparado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) é a esperança da polícia para ter provas técnicas contra o suspeito. É a análise da arma que ele portava quando foi preso, um revólver calibre 22. As cápsulas desta arma serão confrontadas com as achadas nos corpos e em árvores, no local onde a família teria sido morta, para comprovar se foi ele ou não que realizou os disparos.
Apesar de concluir que a dívida é ligada ao tráfico, a partir de informações de testemunhas no inquérito, a polícia não sabe precisar a suposta relação de Terres com a criminalidade.