O passeio de Thaís Pires da Silveira, 24 anos, com o marido, no começo da madrugada de domingo, acabou de maneira trágica para a família que sempre morou no bairro Morada do Vale II, em Gravataí. Atingida por um disparo nas costas, que perfurou o coração, a jovem foi uma das vítimas fatais do ataque a tiros diante de uma festa no bairro na madrugada deste domingo (22). O casal não participava da social (festa a céu aberto) quando os disparos começaram, mas compravam um churrasquinho em um estabelecimento próximo da esquina onde os criminosos atacaram.
— Foi uma injustiça. Pura maldade. A Thaís sempre foi uma menina trabalhadora, e ter um fim desses. Ela e a família não mereciam — lamenta a prima, Luciane Ortiz, 26 anos.
O marido, bastante abalado, não conversou com a reportagem. Thaís era mãe de um menino de sete anos. A criança estava com os pais até bem pouco tempo antes do crime. Eles haviam saído para comer um churrasquinho e, já em casa, o filho teria pedido mais um. Thaís e o marido foram buscar.
— Ele nos contou que se assustaram quando começaram os tiros e tentaram correr para o meio das pessoas que estavam na rua, mas ele puxou a mão dela e a Thaís não seguia, estava caindo no chão. Ela já estava baleada — conta Luciane.
O marido ainda a socorreu no próprio carro, mas não houve tempo de salvá-la. Thaís trabalhava desde os 15 anos fazendo salgados para festas. Eles moravam a poucas quadras do local onde ela acabou morta.
Criado no bairro
Gabriel de Ataíde, 21 anos, que também acabou morto pelos disparos do lado de fora da festa, era outro que tinha toda a sua vida ligada à região da Morada do Vale II, mesmo atualmente morando no bairro Planaltina, que fica próximo.
— Ele se criou aqui, jogando bola com os guris. Então, as amizades dele sempre estiveram nessa região. Quando eu fui ver o que estava acontecendo, foi um choque ver o meu primo — conta Gilson Ataíde, 32 anos.
Ataíde havia feito um curso de cabeleireiro, e fazia cortes em casa. A polícia ainda tenta esclarecer se ele participava da festa ou correu do bar para aquele local no momento dos disparos.
— Infelizmente Gravataí está um lugar assim agora. Não pode sair para a rua, para uma festa, que tem risco de acontecer isso. É difícil eu sair de casa nos finais de semana do jeito que as coisas estão — desabafa o primo.
Conforme o levantamento dos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, desde o começo do ano, pelo menos 143 pessoas foram assassinadas no município.