Às 6h30min desta terça-feira (19), agentes da Polícia Civil entraram no dormitório do centro obstétrico de um hospital em Porto Alegre. Estavam em busca de um estudante de Medicina, suspeito de pedofilia. Faltando uma hora para o fim do plantão, o homem de 27 anos dormia no local.
Responsável pela equipe, a médica plantonista só deixou os investigadores entrarem no local após se certificar que eram policiais e tinham um mandado em mãos. Sem resistir, o suspeito foi levado para o seu apartamento, na Rua Felipe Camarão, no bairro Bom Fim. No local, acabou preso em flagrante.
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Os agentes encontraram em seu notebook mais de 12 mil fotos e vídeos pornográficos de crianças e adolescentes, sobretudo de meninos. Aluno do 7º semestre de faculdade na Capital, o estudante não teve a identidade divulgada. O nome da instituição também não foi informado — segundo a polícia, a informação poderia comprometer as investigações.
Foi fixada fiança de R$ 20 mil. No começo da tarde, o suspeito pagou o valor e foi solto. Em seguida, a Polícia Civil encaminhou para a Justiça um pedido de prisão preventiva.
Segundo as investigações, o estudante mantinha contato com as vítimas por meio de um perfil falso pelo site de conversas Omegle. Depois de seduzi-las, o diálogo seguia para o chat do Facebook, canal pelo qual o suspeito pedia que as crianças enviassem o conteúdo pornográfico.
A apuração começou há cinco meses, em São Paulo, quando o pai de um menino de 10 anos percebeu que o filho trocava mensagens de conotação sexual com o suspeito. Ele levou o caso à Polícia Civil paulista, que rastreou os diálogos e chegou a Porto Alegre, descobrindo que mensagens eram enviadas inclusive de computadores da faculdade onde o estudante era aluno.
— A partir do aprofundamento das investigações sobre o seu perfil, chegamos a elementos importantes, como a sua vinculação com trabalhos voluntários voltados a crianças e adolescentes — disse o promotor da Infância e da Juventude Júlio Almeida.
Até o momento, somente a vítima paulista foi identificada. O estudante responderá pelos crimes de "adquirir, possuir ou armazenar fotografia com cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente" e "aliciar, assediar, instigar ou constranger criança com o fim de com ela praticar ato libidinoso", previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Somadas, as penas podem chegar a sete anos de prisão.
— Todo conteúdo de mídia envolvendo criança e adolescente com cenas pornográficas ou sexo explícito é enquadrado como crime. O "simples" fato de baixar a imagem da internet configura o armazenamento daquele material. Especificamente nesse caso, o estudante ainda estabelecia contato com crianças e adolescentes através do Facebook e solicitava que mandasse fotos e vídeos — acrescentou a delegada Laura Lopes, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca).