Logo nos dias seguintes à morte de Cristine, os três suspeitos já estavam presos preventivamente. Denunciados pelos roubos e pelo latrocínio, Tiago Oliveira da Silva, o Tiaguinho, 31 anos, Rafael Silveira Santa Helena, 27 anos, e Fabrício Farias, o Amaral, 21 anos, foram condenados a 29 anos de prisão, cada um, em março deste ano – seis meses depois do assassinato.
A resolução rápida dos casos de latrocínio pela Polícia Civil é também uma das apostas da Segurança para frear esse tipo de crime. Dos 16 latrocínios ocorridos em 2017 na Capital, 11 estão solucionados.
A punição do trio foi o mínimo consolo ante a destruição que o assassinato causou à família de Cristine.
– Minha mãe não sai mais de casa, adoeceu. E todos mudamos nossos hábitos. Minha rotina ficou limitada a seguir da casa para o trabalho e vice-versa. É inevitável desconfiar de todas as situações na rua – desabafa o irmão, Rodrigo Massa.
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Impunidade permitiu crime e deixou cicatrizes
A filha de Cristine, de 17 anos, que testemunhou o crime, vive hoje com a avó paterna e, segundo o tio, jamais se recuperou totalmente do trauma:
– Ela faz tratamento psicológico permanente. Tudo aquilo, ver a mãe ser morta daquela maneira terrível, foi muito forte para ela.
O filho da comerciante, de 12 anos, que estava na escola no momento do crime, atualmente mora com o pai em Criciúma (SC). Na época do crime, o casal já havia se separado.
– A atitude da polícia, do Ministério Público e da juíza que condenou esses três rapidamente, é elogiável. Uma pena que isso tenha custado a vida da minha irmã e a tranquilidade de toda a nossa família. Quem sabe se a Justiça tivesse agido com a mesma eficiência antes nós não estaríamos em outra situação hoje? – reflete Massa.
Tiaguinho, sentenciado como autor do disparo que matou Cristine, já tinha na época condenações por roubo triplamente qualificado – crime em que chegou a atirar nas vítimas – e tráfico de drogas.
Respondia ainda por outro roubo, duplamente qualificado. Neste caso, com as mesmas características do crime de agosto de 2016, mas sem o fim trágico, ele chegou a ser preso, em agosto de 2015, e acabou beneficiado com a liberdade, em maio de 2016, graças a um decreto presidencial.
Em seu histórico prisional, Tiaguinho tem ainda três fugas após progressões de regime. E os outros dois réus também já respondiam por roubos qualificados quando Cristine foi morta.
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