Dois servidores da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, são investigados pela Polícia Federal (PF) por envolvimento na compra de uvas com dispensa de licitação. Eles são alvos da Operação Liber Pater, deflagrada nesta quarta-feira (2).
De acordo com o delegado Eduardo Dalmolin Bollis, que conduziu as investigações, os indícios levantados até agora apontam que os dois integrantes da diretoria da empresa eram proprietários de duas vinícolas que forneciam o produto para pesquisa. O delegado diz que há documentos indicando a ligação entre produtores rurais, usados como laranjas, e os servidores.
Ainda segundo ele, um desses funcionários era responsável pelas licitações do centro de pesquisa.
– A quantidade (de uva comprada) era tanta que coloca em xeque o próprio caráter de pesquisa da Embrapa – afirma o delegado.
O proprietário de outra vinícola também é investigado. Ele possui contratos antigos para o fornecimento de uvas e, segundo a polícia, tem estreita relação com a diretoria da empresa.
Nesta quarta, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão e três de condução coercitiva em Bento Gonçalves, Farroupilha, Vacaria e Esteio. Dois dos alvos das conduções coercitivas não foram localizados, mas prometeram se apresentar para prestar depoimento. Ninguém foi preso.
Os crimes investigados são fraude à licitação, formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica.
Ao todo, três vinícolas – duas de Bento Gonçalves e uma de Vacaria – são alvos da operação. A PF investiga ainda três construtoras responsáveis por cinco obras realizadas pela Embrapa em 2015 e que têm indícios de superfaturamento. O prejuízo dos projetos ao centro de pesquisas, segundo os investigadores, chega R$ 790 mil.
Conforme os investigadores, os crimes apurados ocorriam desde 2009, mas há indícios de que a prática começou ainda em 2000. As irregularidades foram identificadas com o auxílio da CGU.
Ao todo, 40 policiais federais e seis auditores da Controladoria-Geral da União (CGU) participaram da ação. A investigação tem ainda a participação do Ministério Público Federal (MPF), que instaurou inquérito civil para apurar se os servidores também cometeram improbidade administrativa.
Em nota, a Embrapa afirma que, desde o início da ação da PF, "os dirigentes da Empresa estão acompanhando o desenvolvimento da operação e dando amplo acesso e apoio às investigações".