A morte de João Carlos da Silva Trindade, o Colete, é mais um capítulo de uma guerra que se prolonga há alguns anos, alternando personagens e protagonistas em disputa. Por muito tempo, praticamente duas décadas, na Vila Maria da Conceição, onde ocorreu a execução desta quarta-feira, predominou a figura do patrão único e soberano, encarnado pelo traficante Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão da Conceição, que se encontra preso na Pasc, em Charqueadas. O fim de seu império produziu rachas e disputas sangrentas que atormentam a comunidade local.
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O "império" de Paulão começou a ruir quando, a partir de sua prisão, em 2010, seu enteado, Carlos Alberto Silveira Drey, o Beto Drey, iniciou uma série de ações violentas, na tentativa de assumir o controle do tráfico. Ao custo de muitas vidas, a disputa entre o grupo que apoiava Beto Drey e os que se mantinham fiéis a Paulão acabaram enfraquecendo a ambos.
Disso, de acordo com investigações, teriam se aproveitado homens até então leais a Paulão. Entre eles, Colete. Estes, com o apoio de quadrilhas de outras regiões da cidade, travaram uma sangrenta guerra com o grupo do patrão, que resultou em dezenas de mortes ao longo de 2013.
A queda de Paulão foi sacramentada nas ruas e nos presídios, onde seu grupo dominava galerias. O controle então teria passado para Colete e outros dois que, segundo a polícia, seriam Silvio César Rodrigues Quadrado e Vladimir Cardoso Soares, o Xu.
No ano passado, houve um novo racha. De um lado ficaram colocou em Xu e Colete. De outro, Quadrado, que estaria recebendo apoio de uma das facções que atam na Região Metropolitana. Era o prenúncio de mais tormento para os moradores da Vila Maria da Conceição e de mais mortes, confirmado com a execução de Colete.