A Polícia Civil indiciou 34 pessoas por envolvimento em um esquema de pirâmide financeira no Rio Grande do Sul. A maioria dos indiciados é do Estado, mas há envolvidos também na Bahia, em Santa Catarina e no Paraná. A polícia atribuiu ao grupo os crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Márcio Rodrigo dos Santos, de 36 anos, também indiciado, é apontado como líder do esquema no Rio Grande do Sul e está preso preventivamente na Penitenciária Estadual do Jacuí.
Segundo a polícia, o esquema era comandado pela empresa D9, com sede na Bahia. As vítimas depositavam um valor, por meio do site da empresa, com a promessa de que receberiam, imediatamente, entre 30% e 150% do valor aplicado em apostas de eventos esportivos, como, por exemplo, jogos de futebol. O lucro poderia chegar a 400% ao ano, conforme prometido, e a empresa oferecia um curso ao apostador– mas nenhum dos ouvidos pela polícia chegou a participar da aula.
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O delegado Fernando Pires Branco, responsável pelo inquérito, feito em parceria com o Ministério Público (MP), afirma que 29 vítimas foram ouvidas, mas que, com certeza, o grupo lesou muito mais pessoas:
– A estimativa é de que 200 pessoas tenham sido vítimas deste golpe de pirâmide financeira. Muitas mandaram e-mail diretamente ao Ministério Público, outras procuraram advogados e não quiseram registrar ocorrência – explica o delegado titular da Delegacia de Polícia de Sapiranga.
Todas as apostas eram feitas em dólar, e os lucros eram convertidos em bitcoin, uma moeda virtual, o que impedia que os valores fossem rastreados. O grupo dizia fazer as apostas em um site britânico.A empresa D9, com sede em Itabuna (BA), está registrada como uma empresa de comércio varejista especializada em peças e acessórios de aparelhos domésticos, apesar de fazer outro tipo de oferta em seu site.
Ao longo do inquérito, foram sequestrados R$ 6,4 milhões de contas bancárias de envolvidos. No total, cinco automóveis foram apreendidos: dois Camaros, dois Ford Fusion e um Hyundai Elantra. O inquérito foi remetido ao MP, que pode denunciar os indiciados à Justiça.
A reportagem ligou para o telefone disponibilizado na página da D9 no Facebook, mas foi informado que o telefone não pertence à empresa. Márcio Rodrigo dos Santos, suspeito de ser líder do esquema no Rio Grande do Sul, informou ao delegado, no momento da prisão, que só se manifestaria em juízo.