A polícia de Teresina (PI) prendeu, há uma semana, um técnico em informática de 34 anos acusado do crime de "estupro virtual". Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, é a primeira vez no Brasil que alguém é preso por esse tipo de conduta. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
O homem foi enquadrado no artigo 213, sobre estupro, que prevê pena a quem obriga alguém a praticar qualquer tipo de ação de cunho sexual, contra a vontade, sob ameaça ou sob uso de violência. O Código Penal brasileiro ainda não prevê o crime de "estupro virtual".
O acusado, que teve um relacionamento há cinco anos com a vítima e fez imagens dela nua enquanto dormia, teria criado um perfil falso em uma rede social e o usado para ameaçá-la, dizendo que divulgaria as imagens caso ela não enviasse mais registros de momentos íntimos.
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Nos últimos meses, o homem criou outro perfil falso em nome da vítima onde colocou esse material junto com fotos do filho e da família da mulher, aumentando o grau de exigência de mais arquivos íntimos.
A vítima, que ainda não sabia de quem se tratava, procurou a polícia, que começou as investigações. Com ordem judicial, os investigadores descobriram o IP do computador e chegaram até a casa do técnico.
O delegado Daniell Pires Ferreira, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, disse que o crime se caracteriza como estupro, mesmo que tenha ocorrido sem a presença física do agressor.
– É um estupro ocorrido em ambiente virtual – afirmou, explicando que a configuração do crime ocorreu quando o homem obrigou a mulher a praticar consigo mesma o ato libidinoso – Ela foi ameaçada, foi constrangida mediante grave ameaça para manter ato libidinoso. Isso caracteriza o crime de estupro – afirmou.
A Justiça determinou a prisão provisória do homem, por 30 dias, com base nas provas encontradas nos computadores e nos celulares do acusado.
Em depoimento à polícia, ele confessou os atos, mas disse que só estava "brincando" com a vítima. Ele também afirmou que ficou inconformado com fato de ela não ter aceitado manter o relacionamento, que havia durado apenas duas semanas.
O técnico mora no mesmo bairro da vítima, é casado, pai de um filho de quatro anos e a mulher dele está grávida. No computador do acusado, a polícia encontrou um arquivo com mais de 50 mil fotos de mulheres nuas e agora investiga se ele está envolvido em mais casos de crimes virtuais.