É acreditando na Justiça que o pai de Luiz Gustavo da Silva, 18 anos, tenta retomar a rotina após perder o filho assassinado em Gravataí, na madrugada de quarta-feira (2). Ainda emocionado com o ocorrido, o ex-vereador e empresário Jairo Silva espera que a Polícia Civil consiga encontrar os dois bandidos que atiraram várias vezes no universitário, na frente da boate Stage, matando Gustavo e o cadeirante Jorge Luis Rosa da Silva, de 25 anos.
– Eu sei que a polícia vai encontrar essas pessoas, e quando encontrar eu preciso perguntar: se tinha alguma coisa com ele, por que não deu um soco, um chute, em vez de atirar para matar? Foi uma maldade muito grande – diz o empresário.
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O pai conta que o filho estudava engenharia mecânica na Uniritter, no Campus de Canoas, e que o seu maior sonho era justamente se formar. Ele fez o Ensino Médio e Fundamental em escolas públicas e conseguiu uma bolsa do governo federal.
– Era um cara que só me dava orgulho. A gente até fez com ele a rematrícula da faculdade. Segunda-feira ele iria começar o segundo semestre, mas foi tudo por água abaixo – lamenta o pai.
O rapaz trabalhava no centro de desmanche veicular da família, às margens da RS-030, no bairro Parque dos Anjos, também em Gravataí. Mesmo sendo filho do chefe, chegava no mesmo horário que os outros funcionários e só saia no final do expediente.
– Hoje, eu tô paralisado com a emoção, sepultamos nosso filho. Amanhã, ou depois, vou ficar esperando por ele na loja, só que ele nunca mais vai vir – descreve o pai.
O empresário não consegue ver nenhum motivo para a morte do filho. Ele diz que o universitário foi junto com oito amigos para a festa e que aguardava a chegada do um carro de transporte por aplicativo para voltar quando foi atacado a tiros. Vários disparos de calibre 38 atingiram o corpo dele.
Para a Polícia Civil, o jovem ou amigos dele participaram de uma briga envolvendo uma menina que estaria na festa, dando início aos tiros do lado de fora. Essa versão, para o pai, parece ser difícil, já que o universitário não costumava brigar.
– Era um guri calmo, tranquilo, que não tinha contato nenhum com droga. Ia de casa para o trabalho e faculdade, nem costumava sair. Era nosso crianção – lembra emocionado o empresário.
O empresário diz que vai cobrar a polícia para que tudo se resolva da maneira mais rápida possível, e que “não vai deixar que ninguém esqueça da história do seu filho”.
Bala perdida
A investigação da Delegacia de Homicídios de Gravataí sobre o tiroteio que deixou dois jovens mortos começa tentando entender as circunstâncias do crime. Um dos fatos já confirmados pelos policiais é que o cadeirante Jorge Luiz Rosa da Silva, de 25 anos, foi vítima de bala perdida. Ele estava na linha de tiro dos bandidos quando foi atingido na cabeça.
Inicialmente, acreditava-se que o cadeirante era o alvo dos tiros que mataram, também, o estudante de Engenharia Mecânica Luiz Gustavo da Silva, de 18. Para os policiais, uma briga envolvendo o universitário e homens dentro da festa foi o estopim para os disparos.
– Os amigos dele (Luiz Gustavo) falaram que a briga foi relacionada a alguma mulher dentro da boate. Na festa, alguém deu um golpe de garrafa também – informa o delegado Felipe Borba, responsável pela investigação.
O tiroteio ocorreu na esquina da boate, em frente a uma loja de móveis na Avenida Dorival Cândido Luz de Oliveira – a principal via do município. Os jovens aguardavam a chegada de carona e de transporte por aplicativo quando houve o ataque.
O relato dos policiais é de que uma dupla armada com revólveres calibre 38 atirou contra Luiz Gustavo e que Jorge foi atingido sem querer. Dois seguranças também foram baleados, mas já receberam alta do Hospital Dom João Becker.