O novo capítulo do sumiço de uma jovem de 20 anos, que completa dois meses nesta terça-feira, é, para a Polícia Civil, identificar corpos de mulheres com identidade não revelada que deram entrada no Departamento Médico Legal. Nicolle Brito Castilho da Silva sumiu em 2 de junho, em Cachoeirinha, e desde então, diversas ações foram feitas para descobrir o paradeiro dela.
A última delas aconteceu na quinta-feira, em Porto Alegre, quando Sidnei Castilho da Silva, 48, coletou amostras de DNA para que sejam comparadas às de uma mulher carbonizada que está no DML.
Leia mais
"É provável, infelizmente, que esteja morta", diz delegado sobre Nicolle
Da gravação de clipe funk a pistas no Facebook, veja o histórico do sumiço
VÍDEO: "Não quero pensar no pior", diz pai de jovem desaparecida
A diretora do Departamento de Perícias Laboratoriais do Instituto Geral de Perícias (IGP), Bianca de Almeida Carvalho, afirma que mesmo em casos de corpos carbonizados, há possibilidade de identificação a partir de exames de sangue, onde é possível obter resultados com rapidez. Também é possível comparar aos testes feitos em ossos, tecidos e arcada dentária, que podem demorar até uma semana.
Conforme a professora de Biologia da PUC e coordenadora do Laboratório de Genética Forense da instituição, Clarice Alho, o exame de DNA para a identificação de corpos é exatamente igual ao procedimento que indica o parentesco entre pessoas vivas.
– Em geral, coletamos amostras de sangue e mucosa oral do pai e da mãe para comparação. Toda informação genética que não pertencer à mãe, é separada, pois, serão as características pertencentes ao pai biológico – explica.
Para a coordenadora, o principal desafio das equipes do DML ao analisar um corpo carbonizado, é encontrar uma amostra íntegra de DNA que possa ser comparada com a de um familiar.
– A possibilidade de descobrir o perfil genético de uma pessoa se torna mais difícil, quanto maior for sua exposição às altas temperaturas e ao tempo de exposição às chamas – detalha.
No entanto, Clarice ressalta que há partes mais resistentes do corpo de uma pessoa que podem auxiliar na identificação da pessoa, como os dentes molares e pré-molares, que possuem estrutura resistente a temperaturas elevadas.
– O DNA mitocondrial, que carregamos da parte materna da família, para meninos e meninas, se torna melhor de se identificar, ao passo que há centenas de cópias em cada célula. Já o DNA nuclear, que carrega genoma paterno e materno, é único para cada célula – relata.
Investigações seguem
De acordo com o titular da 1ª DP de Cachoeirinha, Leonel Baldasso, mesmo com o prosseguimento das investigações, esses dados dos exames serão importantes para ter certeza que o corpo da jovem não deu entrada no DML nos últimos dias.
– Até que todos os dados sejam analisados, temos pelo menos 15 ou 30 dias, nos quais prosseguimos com as investigações – afirma.
O objetivo é que sejam comparadas com mulheres encontradas nos últimos 60 dias, que ainda não foram identificadas.