Nos cinco primeiros meses de 2017, Caxias do Sul registrou 434 novos prontuários de pessoas que buscaram tratamento pelo SUS para tratar o vício em drogas. Em todo o ano passado, foram 800 novos casos. Neste ritmo, o número de dependentes químicos aumentou mais de 70% em cinco anos. Em 2012, eram 7,6 mil cadastrados e, em junho de 2017, são 13,1 mil prontuários ativos, conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde.
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Os números deixam claro que a atual política de enfrentamento às drogas é insuficiente. Se o consumo cresce, mais traficantes surgem, o que acirra as disputas pelos pontos de venda, resultando em mortes e violência por toda a cidade. O grande questionamento é como evitar que as pessoas sejam atraídas para o vício.
– É a questão mais importante. Com o passar do tempo está aumentando o número (de usuários), não estamos conseguindo atingir esse público. Por isso estamos pedindo ajuda para todos, principalmente às famílias e escolas. É uma parceria que todos temos que dar as mãos. Está muito fácil conseguir encontrar a droga hoje em dia, tem a cada esquina. São drogas baratas e muito prejudiciais. Uma vez que inicia, principalmente o crack, é muito difícil reverter – aponta Vanice Fontanella, diretora da Política de Saúde Mental no município.
Apesar da gravidade e diversidade dos problemas, a prefeitura não conta uma ação conjunta de combate às drogas entre as secretarias. O secretário de Segurança Pública, José Francisco Mallmann, espera que descentralização da Guarda Municipal seja um avanço para identificar problemas e oferecimento de serviços que possam resgatar os dependentes químicos e amenizar os conflitos nas comunidades.
– De certa forma está ocorrendo (o trabalho). A prefeitura está atuando com os mecanismos que dispõe. Só que é um problema social e não adianta apenas levar para a delegacia. Temos que atuar, chegar nestes bairros que sabidamente têm problemas com o tráfico e identificar os pontos de drogas. Faz parte do planejamento da Guarda Municipal de atuar nos bairros, o que começará ainda neste segundo semestre – promete Mallmann.
Além dos centros de atendimentos psicossociais (Caps), que recebem e oferecem tratamento usuários de drogas, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atua com o Consultório de Rua. A equipe vai até os homens e mulheres que vivem na rua para oferecer apoio e orientação.
– A equipe de enfermeiros vai até estas áreas de vulnerabilidade, onde cinco ou mais usuários consomem drogas, e busca perceber o que eles precisam. Eles levam água potável, preservativos e buscam estabelecer um vínculo. Esta relação de confiança pode, futuramente, conseguir um tratamento – explica a diretora.
O Consultório de Rua atua em cinco pontos conhecidos na área central, a maioria a céu aberto. Como as visitas são semanais, os usuários já aguardam pelo atendimento nos locais e levam outros pessoas na mesma situação para receber orientação.