Allyson Rodrigues Fernandes, 24 anos, morou praticamente toda a infância com a avó paterna e a adolescência com a mãe, entre Porto Alegre e Alvorada. Na vida adulta, ao lado da namorada, começou a concretizar o sonho de constituir família ao comprar um apartamento na Capital. Era o terceiro lar do analista morto terça- feira em frente ao imóvel onde morava há um ano, no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre.
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Em Alvorada, a mãe, Ateneia Vanise Veloso Rodrigues, 40 anos, conta que o filho era seu orgulho, uma pessoa determinada que traçava metas e não descansava enquanto não as atingia. Desde o sepultamento, não consegue se alimentar.
– Ele me ligava para saber em quanto tempo se faz uma lentilha. Ele vinha aqui e dizia que estava carente de mãe. Beijava, abraçava. Eu não sei mais como vai ser. A gente tentou comer alguma coisa, mas não conseguiu porque tudo lembra ele. Vinha aqui e a gente brincava que ele era um filador de boia. É complicado comer alguma coisa agora – diz a autônoma.
Inconformada, a mãe acredita que Allyson tenha entrado em choque quando viu os bandidos:
– A gente sabe que ele não reagiu. Quem não ficaria travado em um momento desses. Agora, eu não sei mais o que fazer. Eu não tenho mais chão. Ele me abraçava daquele jeito que nunca vou esquecer. Nunca vou esquecer aquele jeito de dizer que estava carente de mãe.
A família paterna estava preparando uma festa de aniversário surpresa para Allyson, que nunca mais será feita:
– No fim, foi ele quem surpreendeu a gente – lamenta a avó Diolanda Barragan, 62 anos.
O terceiro e atual lar estava em reforma e, agora, caberá à namorada terminar o que Allyson começou:
– Quero deixar o nosso cantinho do jeito que ele imaginou – disse a jovem de 25 anos.
O caso
Allyson foi morto a tiros, na noite desta terça-feira (27), quando chegava em casa com a namorada. Ele estava entrando de ré na garagem com o C4, por volta das 20h30min, quando foi abordado por criminosos armados. Allyson teria ficado imóvel e, ainda assim, foi baleado na Rua Luiz Cezar Leal, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre. Após atirar contra o jovem, que tombou na calçada, o bando fugiu em um carro. Nada foi roubado, ainda assim, o caso é tratado como latrocínio (roubou ou tentativa de roubo com morte).