Uma operação policial foi realizada na manhã desta quarta-feira (14) para desarticular organização criminosa investigada por furtar pelo menos mil cabeças de gado por ano em todo o Rio Grande do Sul.
A Polícia Civil concluiu nove inquéritos com crimes em pelo menos 13 cidades gaúchas, locais onde agentes cumpriram 48 mandados judiciais. O grupo também aliciava funcionários de fazendas, comprava gado com cheques sem fundo e ainda levava em caminhões as reses roubadas de pecuaristas.
Até o meio-dia, 17 pessoas já haviam sido presas. A polícia também apreendeu duas toneladas de carne e 15 veículos, incluindo quatro caminhões, três clonados, e que eram usados somente para roubar gado. Ainda houve o cumprimento de outras 21 medidas judiciais relacionadas a movimentações financeira e fiscal, incluindo com bloqueio de contas e de ações fiscais.
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Um dos locais foi em Canoas, envolvendo comparsa do líder da quadrilha, que já foi preso durante a investigação que começou em agosto do ano passado com o furto de gado no município de Rosário do Sul, na Fronteira Oeste.
A polícia também apreendeu 15 veículos, incluindo quatro caminhões, três clonados, e que eram usados somente para roubar gado. Além disso, houve o cumprimento de outras 21 medidas judiciais relacionadas a movimentações financeira e fiscal, incluindo com bloqueio de contas e de ações fiscais.
As demais ações, além de Canoas, ocorreram nas cidades onde o grupo tinha ramificações ou contatos com envolvidos no esquema criminoso: Santa Maria, Camaquã, Progresso, Venâncio Aires, Quaraí, Santana do Livramento, Julio de Castilhos, Paraí, Bom Retiro do Sul, Palmeira das Missões, Arroio dos Ratos e Dom Pedrito. Além dessas localidades, a Polícia Civil investiga a participação de um frigorífico de Arroio dos Ratos suspeito de ter ligação com os ladrões de gado.
Cooptação
O delegado responsável pela ação, Adriano Linhares, de Uruguaiana, destaca que os criminosos tinham forma diferente de agir.
– Eles cooptavam, aliciavam funcionários de fazendas em todo o Estado para furtar gado dos seus patrões. Eles recebiam até 20% do valor de mercado de uma rês. E essa ligação é um problema por que muitos casos não foram registrados pelo fato de que as verdadeiras vítimas nem souberam que foram roubadas – afirma Linhares.
Em um dos casos, o proprietário de uma fazenda em Santana do Livramento ficou sabendo muito depois que teve 180 bovinos levados por ladrões por meio do contato com um de seus funcionários. Por este fato que a operação hoje foi chamada de "Cooptare".
Estelionato
A organização criminosa também é apontada na investigação por estelionato. Linhares diz que os suspeitos ainda comprovam cabeças de gado de pecuaristas. O problema é que a negociação era a prazo e fechada com o uso de cheques pré-datados. No entanto, eram cheques sem fundo e os estelionatários utilizavam nomes falsos ou de laranjas. As compras eram feitas de vítimas em todo o Rio Grande do Sul, e também em Santa Catarina.
Linhares diz ainda que a Força Tarefa da Polícia Civil que combate o abigeato, durante as investigações, chegou a prender preventivamente 28 suspeitos, todos ainda no sistema prisional, incluindo o líder da quadrilha.
O criminoso mantinha base na cidade de Canoas. Outros 10 ladrões foram presos em flagrante desde agosto do ano passado. Neste período, ainda houve a apreensão de caminhões carregados com animais, cerca de 51 reses que haviam sido furtadas.
As medidas judiciais cumpridas nesta quarta-feira foram expedidas pela 2ª Vara da Comarca de Rosário do Sul e medidas cautelares também serão direcionadas para o ressarcimento futuro dos prejuízos acarretados às vítimas.