A professora Adriane Fátima Pires Gonçalves, de 47 anos, foi baleada ao tentar tirar o filho de três anos do carro da família, roubado na noite do último sábado (3), em uma rua em frente ao Shopping Canoas.
O pequeno dormia e só não foi levado pelo assaltante porque a filha mais velha da vítima, de 18 anos, conseguiu retirar o menino já com o bandido acelerando o veículo.
A jovem conta que a mãe disse as seguintes palavras: "Pode levar o carro, só deixa eu tirar as crianças", e ouviu a negativa do bandido.
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A professora, então, colocou a mão na porta do Gol, quando o assaltante abriu fogo duas vezes. Um dos tiros atingiu a barriga de Adriane, perfurando estômago e intestino, e o outro pegou de raspão no braço.
Depois de três dias, ela segue internada em estado gravíssimo no Hospital de Pronto Socorro de Canoas.
A professora havia saído de casa por volta das 20h15min para buscar a filha, que estava no cinema com amigas, e também para comprar carne. O motivo era especial: o dia 3 de junho é o aniversário do filho do meio dela, de 10 anos.
Ele foi junto no carro e acabou presenciando a mãe sendo baleada. O menino saiu do carro sozinho quando percebeu que era um assalto.
Casado com a professora há 27 anos, o pedreiro Joel Rodrigues Azambuja conta que a ação dos bandidos deixou os filhos transtornados. Eles estão em estado de choque depois de terem presenciado a mãe sendo ferida a bala.
– É um sentimento de tristeza, de revolta, de dor. Vou te falar: eu estou tentando segurar a barra, não posso deixar transparecer para os filhos. Mas é barra, é difícil demais – afirma Azambuja.
Sem poder ir para o trabalho, o pedreiro diz que a rotina virou aguardar na sala de espera do HPS por novidades e torcer pela recuperação da esposa. Além disso tenta controlar a emoção dos filhos e está em busca de uma psicóloga para auxiliar na recuperação.
A irmã de Adriane, Fernanda Pires Gonçalves, está ajudando a cuidar dos filhos e na burocracia junto ao hospital. Joel e a cunhada afirmam que a professora é apaixonada pelos alunos.
Formada em Pedagogia, ela dá aulas em uma escola no município de São Leopoldo.
– Uma professora perfeita, leva até merenda de casa para o colégio para dar aos alunos – diz o marido.
O pedreiro lamenta não ter ido junto com a esposa buscar a filha.
– Eu não imaginava. Ela saiu por 15 minutos, e vai acabar ficando seis meses no hospital – desabafa.
Investigação policial
O carro da professora, um Gol G5 ano 2015, foi encontrado incendiado em Nova Santa Rita. Segundo o marido dela, o automóvel teve perda total e está em um depósito do Detran. A família tinha seguro do veículo.
O delegado Thiago Bennemann, da Delegacia de Roubo e Furto de Veículos de Canoas, trabalha na investigação. Segundo ele, a apuração começou ainda no sábado.