Os policiais envolvidos na operação que resultou na morte do escrivão de Polícia Civil Rodrigo Wilsen da Silveira, 39 anos, no começo da manhã desta sexta-feira (23) em Gravataí foram surpreendidos pela presença de Maicon de Mello Rosa, o Maiquinho, 25 anos – apontado pela polícia como autor do tiro que matou o agente – e outros três homens no apartamento em que cumpririam mandado de busca contra uma traficante na região central da cidade. É o que admite o delegado Rafael Sobrero, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí.
– Vínhamos monitorando a quadrilha e sabíamos que lá estaria a Gorda (traficante apontada como líder do bando), a mãe e o filho pequeno, de três anos. Era possível que o companheiro dela também estivesse no local. Tomamos todas as providências que eram possíveis para evitar uma reação – aponta o delegado.
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A precaução, segundo o responsável pela investigação, foi tamanha que a ordem judicial previu o cumprimento do mandado antes do amanhecer. A ação, que contava com um total de 30 policiais em seis mandados de busca pela cidade, foi coordenada em sua fase final justamente pelo escrivão, que há pouco tempo havia assumido a função de chefe de investigação na delegacia onde trabalhava desde 2012, quando entrou na Polícia Civil.
– A apuração sobre a quadrilha começou no início do ano. Uns dias atrás, descobrimos que a líder havia se mudado e solicitamos o mandado de busca para o apartamento – explica o delegado.
Silveira fez questão de comandar aquela equipe, que tinha entre os seus integrantes justamente a esposa, também escrivã. Havia quatro policiais civis reforçados por dois guardas municipais. Eles bateram na porta do apartamento e uma mulher, bastante nervosa, abriu. Era a mãe da Gorda.
Os policiais entraram na sala e encontraram o marido da traficante, dormindo na sala. Quando iniciariam as buscas, um homem a partir de um dos quartos espiou pela porta e a fechou. Não houve tempo de reação aos agentes. Os disparos teriam iniciado neste quarto. Logo no primeiro tiro de pistola 9mm que atravessou a parede de gesso acartonado, Silveira foi atingido na cabeça.
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Enquanto a esposa dele se esforçava para puxá-lo para fora do apartamento, os demais policiais iniciaram uma troca de tiros com os criminosos. Eram três dentro do quarto – entre eles, Maiquinho. O tiroteio só cessou quando a mulher apontada como líder do bando saiu de outro quarto com o filho de três anos no colo e se entregou.
Maiquinho não era alvo desta investigação. Ele, no entanto, tinha um pedido de prisão preventiva contra si feito pela 1ª Delegacia de Polícia de Gravataí no dia 6 de junho e até agora sem nenhuma resposta da Justiça. De acordo com investigadores da Delegacia de Homicídios de Gravataí, porém, Maiquinho é investigado como possível matador do tráfico local.