Foi preciso a chegada do psicólogo da Polícia Civil ao condomínio onde o escrivão Rodrigo Wilsen da Silveira, 39 anos, foi morto para que a companheira dele, Raquel Biscaglia, também escrivã, fosse retirada do local. Colega de equipe de investigação dele, ela estava junto no momento em que criminosos atiraram contra os policiais e, em estado de choque, se negava a deixar o local.
Segundo a polícia, a equipe com pelo menos seis agentes já havia entrado no apartamento onde estavam os alvos da busca quando os disparos iniciaram a partir de um quarto. Houve tiroteio, mas sem registro de outros feridos.
Raquel teria tentado remover o companheiro ferido. Ainda tinha esperança de socorrê-lo. Quando o reforço do Grupamento de Operações Especiais (GOE) chegou ao local, foi preciso recolher a arma dela, que estava em choque.
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Silveira entrou na Polícia Civil em 2012, a 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí era o seu primeiro posto. É também a única delegacia na carreira de Raquel, que ingressou em 2014.
– Não tenho dúvida que ele se tornaria um dos melhores chefes de investigação da Polícia Civil. Era um dos melhores policiais que conheci. Extremamente preparado e conhecedor da função – diz o colega, comissário Mário Viegas, 55 anos.
Há 37 anos na polícia, Viegas diz que foi uma espécie de professor na delegacia para Rodrigo.
– Fica muito difícil refletir nesse momento, mas toda essa equipe que estava nessa ação começou comigo – lamenta.
Em fevereiro, Silveira assumiu a chefia da investigação da 2ª DP de Gravataí. Pai de dois filhos, tinha ainda dois enteados no relacionamento com Raquel. Ela foi levada pelo psicólogo da Polícia Civil à casa de familiares do companheiro, que também estão em estado de choque.
Entenda o caso
Rodrigo Wilsen da Silveira, escrivão e chefe de investigação da 2ª Delegacia de Polícia do município, tentava cumprir um mandado em um condomínio de apartamentos na Travessa Herbert, na região central de Gravataí, quando um dos cinco criminosos que estavam no local atirou.
O policial levou um tiro na cabeça e foi levado por colegas para o Hospital Dom João Becker, de Gravataí, mas não resistiu.
A operação tinha como objetivo desarticular uma quadrilha especializada em tráfico de drogas. De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Metropolitano, delegado Fábio Mota Lopes, os investigadores sabiam que os alvos poderiam ter drogas e armas, mas foram surpreendidos pelo ataque.
Ainda conforme o diretor do DPM, Silveira estava à frente de uma equipe de seis agentes, entre eles a sua mulher, que foi executar os mandados em um dos apartamentos de um condomínio. Quando eles ingressavam pela porta principal, o disparo veio de dentro, atingindo o policial.
Após o ataque, os cinco suspeitos que estavam no local – uma mulher e quatro homens – foram presos em flagrante. Armas, munição, drogas e dois veículos – um deles roubado – foram apreendidos ao final da operação.