É crítico, mas estável, o quadro de saúde do policial federal baleado nesta terça-feira em frente ao Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre. Ele está sedado no Hospital Mãe de Deus após ter sido atingido por dois disparos no rosto e no pescoço por volta das 19h. Ao sair do trabalho, o escrivão de 47 anos foi até a Avenida Borges de Medeiros pegar a sua mulher para, juntos, irem para casa. Assim que ela embarcou no banco da frente do Honda Civic, percebeu que um homem entrou pela porta traseira.
– Pensei que ele tivesse se enganado de carro, mas quando olhei para trás, ele já mostrou a arma de disse que era um assalto. Meu marido, que sempre anda armado, sacou a arma, e eu saí correndo – relata a nutricionista de 38 anos.
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Seguindo uma orientação antiga do marido, ela buscou abrigo em um local seguro assim que ele puxou a pistola. De dentro do shopiing, a nutricionista ouviu pelo menos dois disparos.
– Fiquei desesperada, sem saber o que fazer. Logo ele apareceu todo ensanguentado e chamamos o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Impaciente, o policial entrou no carro antes do socorro chegar e dirigiu ao Hospital Mãe de Deus, onde permanece internado. No caminho de aproximadamente 1 km, nervoso, ele pouco conversou, mas queixou-se de dor no rosto. O bandido conseguiu escapar. Conforme a mulher, ele é pardo, tem cabelos curtos e castanhos, mesma cor dos olhos.
– Estou muito preocupada. Não sei o que vai acontecer com ele agora.
Após os disparos, o policial perdeu o controle do carro e colidiu na traseira do Siena vermelho do motorista de Uber Ademir de Souza, 41 anos, que recém havia estacionado para que um casal de passageiros descesse. Ele diz ter ouvido os estampidos, mas não assimilado que tratava-se de tiros. Diante dos gritos desesperados das pessoas ao redor, desembarcou imaginando que alguém estivesse preso entre o seu carro e o do policial. Neste momento, entendeu o que se passava.
– Ele estava com a boca dilacerada e com sangue por todo o corpo. Dizia que era policial federal, que tinha sido assaltado, mas que estava bem – relata Souza.
O motorista conta, ainda, que ouviu o policial afirmar que baleou o bandido, mas isso não foi confirmado pela Polícia Federal. Todas as pessoas que deram entrada baleadas em casas de saúde de Porto Alegre estão sendo acompanhadas pelas policias Federal e Civil.
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do fato e ressaltou que a "Polícia Civil tem dado apoio às investigações". O casal não tem filhos e está morando em Porto Alegre há dois anos, depois de deixar São Paulo. Ele está na Polícia Federal há nove anos.