A suspeita de que o helicóptero roubado no começo de abril em Canela, na Serra, e levado até um sítio de Triunfo, na Região Carbonífera, seria usado para resgatar presos de uma facção criminosa em Charqueadas foi fortalecida a partir do momento em que a polícia identificou o homem que havia contratado e embarcou no vôo do dia 8 de abril.
Tratava-se, segundo a Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), de Erick Aires Müller, que já tem prisão preventiva decretada pela Justiça e agora é considerado foragido. Ele é parente de Edilson Müller Carvalho, conhecido como Passarinho.
– O Passarinho, até março deste ano, foi considerado um dos principais procurados por nós pelo seu envolvimento em diversos ataques a bancos com uso de explosivos e reféns. Tinha ligação direta com uma facção criminosa que tem sua principal base na zona norte de Porto Alegre – afirma o delegado João Paulo Abreu, que comanda a investigação pelo Deic.
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O assaltante de bancos morreu de maneira inusitada no início de março, afogado no Rio Mampituba, ao tentar escapar de um cerco policial em Santa Catarina após um ataque a banco. Fazia um mês que ele estava foragido depois de ter três comparsas presos com explosivos em uma operação da Polícia Civil.
Não bastasse o parentesco que o relacionaria a uma quadrilha, a partir das apurações dos diálogos que Erick manteve com a empresa de táxi aéreo de Canela por ligações e por WhatsApp, a polícia concluiu que ele usou um telefone que foi roubado em uma das ações da quadrilha do Passarinho recentemente.
A mulher presa temporariamente em Alvorada na manhã desta segunda durante a Operação Ranger também tem histórico relacionado à quadrilha de Passarinho. Ela chegou a ser presa ano passado durante um ataque a agência bancária em Uruguaiana. Nessa ocasião, um comparsa foi morto em confronto com o vigilante. Ela não teve o nome revelado porque a polícia ainda aguarda o seu reconhecimento pessoal pela vítima.
De acordo com os investigadores, a mulher estava no sítio de Triunfo no momento em que o helicóptero pousou naquele local. Pelo menos oito criminosos teriam participado da ação. Até o momento, a mulher alvo da operação nesta segunda é a única presa pelo crime.
– A suspeita mais forte é de que o helicóptero seria mesmo usado para resgate de presos. Só não sabemos ainda quem seria resgatado e quem planejou essa ação – explica o delegado.
A história do Passarinho
Criado no bairro Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre, Passarinho era considerado um dos homens de confiança do traficante José Dalvani Nunes Rodrigues, o Minhoca, líder de uma das principais facções criminosas da Região Metropolitana. Ele foi preso em agosto do ano passado no Paraguai e neste ano foi transferido para uma penitenciária federal.
A suspeita da polícia é de que os ataques a bancos capitaneados por Passarinho eram uma importante fonte de financiamento à facção criminosa.