O feriado de Páscoa deixará marcas profundas na família de Francine Matias da Silva Sins, menina de 13 anos encontrada morta em um matagal no distrito de Rio Pardinho, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Acompanhada do padastro, a menina saiu de casa na sexta-feira ao meio-dia para comprar chocolates em um mercado próximo. A demora da adolescente em regressar fez com que a mãe estranhasse e passasse a procurá-la na vizinhança, mas não obteve notícia sobre seu paradeiro. Foi quando decidiu ir à delegacia registrar o desaparecimento, às 15h de sexta-feira.
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Começaram, então, as buscas e logo apareceu a primeira pista: uma hora após sair de casa levando a menina na garupa da moto, o homem de 30 anos foi visto sozinho. Aos familiares da adolescente, confirmou ter deixado Francine no mercado. Porém, a Polícia Civil constatou que a menina sequer esteve no comércio. Depois disto, o padrasto não foi mais localizado.
O corpo de Francine foi encontrado pela Brigada Militar no sábado pela manhã caído ao lado de uma árvore com marcas de estrangulamento e com um machucado na cabeça, semelhante a ferimentos provocados por pancada. O local, de difícil acesso, fica dois quilômetros distantes de onde ela morava com a mãe e o padrasto.
Os investigadores estão tentando confirmar a veracidade de duas informações: uma diz que o suspeito trabalhou no local onde o corpo foi encontrado e que, portanto, conhece bem a área; a outra sugere que o padrasto teria revelado a amigos que machucou alguém na Entrada Bauermann, como é conhecida a localidade de mata fechada.
– As suspeitas recaem, obviamente, sobre o padrasto por ter sido o último a ter contato com ela e por aparecer depois sozinho – disse o delegado plantonista Anderson Faturi, que atendeu à ocorrência.
Conforme a Polícia Civil, o casal e a menina moravam juntos havia cerca de 6 anos. Ao delegado, a mãe disse que o suspeito era violento, mas nunca agrediu a adolescente. Francine foi sepultada às 11h deste domingo no cemitério de Linha Estância Schmidt, no interior de Sinimbu.
Estudiosa e tímida
Professora de matemática de Francine em 2016, Mercedes Baumgarten se diz chocada com o crime. Ela não consegue enxergar na menina tímida e estudiosa um motivo para ter sido assassinada desta maneira.
– Ela era um exemplo em todos os sentidos. Meiga, dedicada, prestativa. Ajudava os colegas que não tinham o mesmo conhecimento, mesmo sendo muito tímida. Tinha notas boas em todas as matérias – conta a professora.
Aluna do 7º ano da Escola Municipal Christiano J. Smidt, ia a pé para o colégio e lá se dedicava unicamente aos estudos. Há menos de um mês, fez uma declaração no Facebook para Mercedes, que está afastada da função por problemas de saúde.
"Felicidade é quando alguém diz do fundo do peito que a distância de alguém não resiste ao carinho de quem pensa em você todo o dia... #SAUDADES PROFESSORA. MELHORA LOGO", escreveu a adolescente.
Mercedes agradeceu pedindo que a menina continuasse "sendo uma aluna exemplar, dedicada, com sonhos, com objetivos". Por fim, pediu que Deus a iluminasse, pois a vida "é uma passagem".
– Olhando agora, o que eu disse para ela se encaixou. Parece até que ela estava me pedindo socorro – finalizou a professora.